São Paulo, sexta, 18 de julho de 1997.



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REBELIÃO
Grupo rende oito pessoas e consegue escapar de prisão em SC; detentos aproveitam confusão e promovem motim
Presos matam dois reféns durante fuga

FÁBIO ZANINI
da Agência Folha, em Florianópolis

Dois reféns morreram ontem durante a fuga de sete presos da penitenciária de São Cristovão do Sul (SC).
Aproveitando-se da confusão causada pela fuga, 180 dos 400 detentos da penitenciária amotinaram-se e fizeram cinco carcereiros como reféns, ameaçando-os com facas e estiletes.
Eles estavam concentrados no pátio interno e ainda mantinham três reféns até as 18h30 de ontem.
A fuga ocorreu por volta das 10h30, liderada por sete detentos que foram transferidos para a penitenciária em maio por terem participado de uma rebelião em Florianópolis.
Após renderem cinco carcereiros, eles dominaram o sargento da PM Hélio Ribeiro e outros dois funcionários: o advogado Lóide Zanoni, 45, e a carcereira Esmeralda do Rosário, 42.
Os rebelados decidiram fugir pela porta da frente, levando os funcionários e o PM. Na saída, pediram ao advogado que desse a chave de seu automóvel Voyage, que estava em frente ao prédio.
O advogado recusou-se a entregar a chave e foi morto pelos fugitivos com o seu próprio revólver.
Em seguida, dois dos presos entraram no Voyage com os outros reféns e saíram em alta velocidade, em direção à BR-116. Pelo menos mais cinco escaparam a pé.
Cerca de dez minutos depois, o carro derrapou em uma curva na altura do km 173 e capotou, ficando totalmente destruído.
A funcionária Esmeralda do Rosário teve fraturas múltiplas e morreu a caminho do hospital. Os detentos fugiram a pé, deixando os outros reféns para trás.
Até as 18h30, nenhum dos fugitivos havia sido recapturado.
Na penitenciária, a negociação com os rebelados teve início por volta das 11h30, comandada pela juíza Cíntia Santos, da cidade vizinha de Curitibanos, pelo delegado-regional, José Luiz Alves, e pelo diretor do presídio, Paulo Baú.
Cerca de cem policiais militares cercaram o prédio e tinham ordens de aguardar o fim das negociações para eventualmente iniciar uma ação de repressão ao motim.
"Os rebelados querem a revisão de penas e algumas regalias, como banho de sol prolongado e acompanhamento médico diário", disse o diretor.
A superlotação, segundo ele, não pode ser considerada como fator responsável pela rebelião, já que a penitenciária possui 400 presos, 50 a menos que sua capacidade total.
Dois dos carcereiros foram liberados às 15h30, por causa de um acordo entre os rebelados e a comissão de negociação. Dez presos que estariam doentes foram levados a um médico.
Os rebelados teriam se comprometido a libertar os outros reféns quando os doentes retornassem.



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