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SEGURANÇA
Detentores de armamentos legalizados terão 90 dias para renovar registros, segundo proposta que será votada no Senado
Projeto prevê recadastramento de armas
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por um acordo entre deputados
e senadores, foi aprovada ontem
uma proposta de projeto de lei
que proíbe o porte de armas de fogo para particulares, restringe a
posse e dá prazo de 90 dias para a
renovação dos registros em vigor.
Ela deve ser votada no plenário do
Senado na próxima quarta.
Quem tiver armas, legais ou ilegais, terá 180 dias para entregá-las
à PF (Polícia Federal), com direito
a recibo e indenização em valores
ainda a definir.
O projeto também prevê a proibição do comércio de armas, condicionando o fim da venda a particulares a um referendo popular,
proposto para outubro de 2005.
Até lá, o comércio continua, observando as restrições que entrarão em vigor se e depois que a lei
for aprovada pelo Senado, pela
Câmara, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
publicada.
A tendência no Senado é pela
aprovação, conforme a Folha
apurou.
O projeto, que resulta de uma
fusão de 70 iniciativas sobre o tema na Câmara e 7 outras no Senado, não contempla a idéia inicial
do relator, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que pretendia suspender a venda de armas até a realização de um plebiscito, também em outubro de
2005. Na data fixada, a população
decidiria pela volta ou não do comércio de armas.
"Eu tinha proposto a moratória
para haver negociação. Não me
iludo com o poder de avançar
desde já na proibição total, que é
na verdade minha posição pessoal", disse Greenhalgh.
Anistia
A proposta que será votada na
próxima semana foi aprovada ontem na comissão mista, composta
por cinco deputados e cinco senadores, para acelerar a tramitação
do projeto.
Em quase quatro horas de debates, pela manhã, Greenhalgh recebeu 58 sugestões, entre elas a da
anistia para armas irregulares se
entregues à PF no período de 90
dias após a publicação da lei.
Contrário às restrições à posse,
que entende como um meio de
defesa do cidadão contra o bandido, o deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) protestou: "Eu não concordo com essa tese da rendição
do homem de bem. Quero morrer
lutando a permitir que alguém
viole uma filha na minha frente".
Foi voto vencido.
Penas
O relatório final, cujo texto contemplou praticamente todas as
sugestões, foi aprovado por unanimidade. Trata-se do conjunto
mais significativo de mudanças
para posse, porte e comercialização de armas de fogo desde 1997,
quando foi criado o Sinarm (Sistema Nacional de Armas), órgão
responsável pelo registro de todas
as armas que circulam no país.
O Sinarm terá 180 dias, a partir
da data de publicação da nova lei,
para elaborar um regulamento
detalhando, quando necessário,
as novas regras -a começar da
indenização para quem entregar
suas armas.
O projeto também endurece as
penas para o porte ilegal de armas. Hoje, a reclusão vai de um a
dois anos. A proposta é partir de
dois, chegando a 12 anos, em caso
de tráfico de armas. E uma novidade: usar arma de brinquedo para cometer crime passar a ser
agravante da pena.
Autor de um projeto de lei que
propunha a suspensão imediata
da comercialização, que na véspera considerara o relatório de
Greenhalgh um "retrocesso", o líder do PMDB no Senado, Renan
Calheiros (AL), elogiou o texto final aprovado.
"[O texto] foi o possível. Sou um
radical da proibição. Mas, para
aprovar, é preciso fazer concessões", declarou.
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