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São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2003

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SEGURANÇA

Detentores de armamentos legalizados terão 90 dias para renovar registros, segundo proposta que será votada no Senado

Projeto prevê recadastramento de armas

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por um acordo entre deputados e senadores, foi aprovada ontem uma proposta de projeto de lei que proíbe o porte de armas de fogo para particulares, restringe a posse e dá prazo de 90 dias para a renovação dos registros em vigor. Ela deve ser votada no plenário do Senado na próxima quarta.
Quem tiver armas, legais ou ilegais, terá 180 dias para entregá-las à PF (Polícia Federal), com direito a recibo e indenização em valores ainda a definir.
O projeto também prevê a proibição do comércio de armas, condicionando o fim da venda a particulares a um referendo popular, proposto para outubro de 2005.
Até lá, o comércio continua, observando as restrições que entrarão em vigor se e depois que a lei for aprovada pelo Senado, pela Câmara, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada.
A tendência no Senado é pela aprovação, conforme a Folha apurou.
O projeto, que resulta de uma fusão de 70 iniciativas sobre o tema na Câmara e 7 outras no Senado, não contempla a idéia inicial do relator, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que pretendia suspender a venda de armas até a realização de um plebiscito, também em outubro de 2005. Na data fixada, a população decidiria pela volta ou não do comércio de armas.
"Eu tinha proposto a moratória para haver negociação. Não me iludo com o poder de avançar desde já na proibição total, que é na verdade minha posição pessoal", disse Greenhalgh.

Anistia
A proposta que será votada na próxima semana foi aprovada ontem na comissão mista, composta por cinco deputados e cinco senadores, para acelerar a tramitação do projeto.
Em quase quatro horas de debates, pela manhã, Greenhalgh recebeu 58 sugestões, entre elas a da anistia para armas irregulares se entregues à PF no período de 90 dias após a publicação da lei.
Contrário às restrições à posse, que entende como um meio de defesa do cidadão contra o bandido, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) protestou: "Eu não concordo com essa tese da rendição do homem de bem. Quero morrer lutando a permitir que alguém viole uma filha na minha frente". Foi voto vencido.

Penas
O relatório final, cujo texto contemplou praticamente todas as sugestões, foi aprovado por unanimidade. Trata-se do conjunto mais significativo de mudanças para posse, porte e comercialização de armas de fogo desde 1997, quando foi criado o Sinarm (Sistema Nacional de Armas), órgão responsável pelo registro de todas as armas que circulam no país.
O Sinarm terá 180 dias, a partir da data de publicação da nova lei, para elaborar um regulamento detalhando, quando necessário, as novas regras -a começar da indenização para quem entregar suas armas.
O projeto também endurece as penas para o porte ilegal de armas. Hoje, a reclusão vai de um a dois anos. A proposta é partir de dois, chegando a 12 anos, em caso de tráfico de armas. E uma novidade: usar arma de brinquedo para cometer crime passar a ser agravante da pena.
Autor de um projeto de lei que propunha a suspensão imediata da comercialização, que na véspera considerara o relatório de Greenhalgh um "retrocesso", o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), elogiou o texto final aprovado.
"[O texto] foi o possível. Sou um radical da proibição. Mas, para aprovar, é preciso fazer concessões", declarou.


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