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BARBARA GANCIA
O patinho feio e a última Coca-Cola do deserto
Que delícia a história da
lutadora de jiu-jítsu, vítima
anteontem de um assalto, que
deu um pau no bandido. A cara
amassada e roxa do malfeitor na
TV é o tipo de imagem que serve
para lavar a alma de todo cidadão de bem que já tenha passado
por um aperto semelhante.
O acontecimento me lembrou o
caso da avó de uma querida amiga, que já devo ter relatado aqui,
mas que faço questão de repetir
em homenagem à brava senhora
que tascou um ippon no ladrão.
A avó da minha amiga vem a
ser uma senhora muito prestimosa. Como não queria causar constrangimentos ao seu motorista,
tratou de embrulhar como se fosse um pacote para presente o exame de fezes que deveria levar ao
laboratório de análises Fleury, na
avenida Brasil. Pois imagine você, meu caro leitor, que justo na
hora em que a jeitosa velhinha
abriu a porta do carro e colocou o
pé na calçada do Fleury um trombadinha passou correndo e surrupiou-lhe o embrulho da mão.
Já pensou a cara do assaltante
quando ele descobriu o que havia
furtado? Deve ter-se feito alguma
pergunta do tipo: "Ora, pois, pois.
Isto lá é coisa que se embrulhe?".
O sotaque é mera dedução minha
em razão do ponto escolhido pelo
ladrão como local de trabalho.
Homenagem feita, vamos ao
que interessa. Nesta semana, não
foi brincadeira o que se gastou de
saliva e papel em comentários sobre o comportamento e os trajes
do nosso casal presidencial em
viagem pela Europa.
Afinal, foi ou não gafe Lula ter
dado as caras no jantar de gala
oferecido pelos reis da Espanha
vestindo terno, quando a ocasião
pedia casaca?
Só de pensar na silhueta do nosso presidente espremido dentro de
um modelo desses da Tudo a Rigor ou da Fraque e Claque (Lula
não é do tipo que possui casaca
sob medida, não é mesmo?) e a
decorrente sudorese que o desconforto da roupa poderia causar já
são bons motivos para perdoar
qualquer inadequação no traje.
Que ele ficou parecendo o patinho feio da festa, ficou mesmo.
Mas antes um Lula mal-apanhado do que um Fernando Collor na
estica. De mais a mais, que bem
me lembre, FHC pode bem ter sido alvo de toda sorte de louvor.
Mas nunca foi tratado pelo reitor
da London School of Economics
como se fosse a última Coca-Cola
do deserto.
Agora, o que eu queria mesmo
saber é o que foi que dona Marisa
disse ao marido, na volta aos aposentos presidenciais, sobre o episódio do Rolls Royce.
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