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São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2003

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BARBARA GANCIA

O patinho feio e a última Coca-Cola do deserto

Que delícia a história da lutadora de jiu-jítsu, vítima anteontem de um assalto, que deu um pau no bandido. A cara amassada e roxa do malfeitor na TV é o tipo de imagem que serve para lavar a alma de todo cidadão de bem que já tenha passado por um aperto semelhante.
O acontecimento me lembrou o caso da avó de uma querida amiga, que já devo ter relatado aqui, mas que faço questão de repetir em homenagem à brava senhora que tascou um ippon no ladrão.
A avó da minha amiga vem a ser uma senhora muito prestimosa. Como não queria causar constrangimentos ao seu motorista, tratou de embrulhar como se fosse um pacote para presente o exame de fezes que deveria levar ao laboratório de análises Fleury, na avenida Brasil. Pois imagine você, meu caro leitor, que justo na hora em que a jeitosa velhinha abriu a porta do carro e colocou o pé na calçada do Fleury um trombadinha passou correndo e surrupiou-lhe o embrulho da mão.
Já pensou a cara do assaltante quando ele descobriu o que havia furtado? Deve ter-se feito alguma pergunta do tipo: "Ora, pois, pois. Isto lá é coisa que se embrulhe?". O sotaque é mera dedução minha em razão do ponto escolhido pelo ladrão como local de trabalho.
Homenagem feita, vamos ao que interessa. Nesta semana, não foi brincadeira o que se gastou de saliva e papel em comentários sobre o comportamento e os trajes do nosso casal presidencial em viagem pela Europa.
Afinal, foi ou não gafe Lula ter dado as caras no jantar de gala oferecido pelos reis da Espanha vestindo terno, quando a ocasião pedia casaca?
Só de pensar na silhueta do nosso presidente espremido dentro de um modelo desses da Tudo a Rigor ou da Fraque e Claque (Lula não é do tipo que possui casaca sob medida, não é mesmo?) e a decorrente sudorese que o desconforto da roupa poderia causar já são bons motivos para perdoar qualquer inadequação no traje.
Que ele ficou parecendo o patinho feio da festa, ficou mesmo. Mas antes um Lula mal-apanhado do que um Fernando Collor na estica. De mais a mais, que bem me lembre, FHC pode bem ter sido alvo de toda sorte de louvor. Mas nunca foi tratado pelo reitor da London School of Economics como se fosse a última Coca-Cola do deserto.
Agora, o que eu queria mesmo saber é o que foi que dona Marisa disse ao marido, na volta aos aposentos presidenciais, sobre o episódio do Rolls Royce.


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