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São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2003

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ESPÍRITO SANTO

Dom Silvestre Luiz Scandian, de 72 anos, concedia atendimento particular ao seu agressor, que foi preso

Arcebispo é esfaqueado por aposentado

RÔMULO NEVES
DA AGÊNCIA FOLHA

O arcebispo de Vitória (ES), dom Silvestre Luiz Scandian, 72, foi esfaqueado por um homem ontem, por volta das 16h20, dentro de uma sala da arquidiocese.
Ele passou por uma pequena intervenção cirúrgica na tarde de ontem, mas, segundo a assessoria do Hospital da Associação dos Servidores Públicos, em Vitória, não corre risco de morte e nenhum órgão vital foi afetado.
O professor de educação física aposentado Robinson Sassemburgue Santana, 50, acusado pelo ataque ao arcebispo, foi preso no local do crime.
O agressor teria agendado uma conversa com o arcebispo na tarde de ontem. Dom Silvestre costuma atender pessoalmente os fiéis, em audiências particulares, às quintas-feiras.
Segundo a polícia, Santana carregava uma faca de pequeno porte quando entrou na arquidiocese. Quando ficaram a sós na sala onde ocorreria o atendimento, o homem deu uma facada no tórax do arcebispo, na altura do coração. Dom Silvestre conseguiu empurrar o agressor e fugir.

"Ordem divina"
Quando a polícia chegou, Santana ainda estava no local, na mesma posição em que havia caído com o empurrão de dom Silvestre, e não ofereceu resistência à prisão. Segundo a polícia, ele dizia que recebera uma "ordem divina" para matar o arcebispo.
A arquidiocese informou que o professor aposentado era conhecido por alguns padres e não tinha demonstrado nenhum comportamento estranho até ontem.
Segundo o delegado Darcy Arruda, responsável pelo caso, o acusado estava lúcido e disse que o crime foi uma ordem da Santíssima Trindade, pois já havia alertado o arcebispo dez anos antes.
Segundo o delegado, o acusado falou que o crime foi cometido porque o arcebispo não respeitava as palavras da Bíblia e não falava a "verdade do livro sagrado".
O vice-governador do Estado, Lelo Coimbra, foi um dos primeiros a falar com o arcebispo no hospital e relatou que dom Silvestre afirmou que não conhecia o seu agressor.
Arruda definiu o crime como "fundamentalista e fanático" e afastou a possibilidade de ter ligação com o trabalho de defesa dos direitos humanos realizado pelo arcebispo, que lhe rendeu algumas ameaças de morte do crime organizado no Estado.

Outro lado
Até a conclusão desta edição, nenhum advogado havia se apresentado na delegacia para defender o professor aposentado.


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