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ESPÍRITO SANTO
Dom Silvestre Luiz Scandian, de 72 anos, concedia atendimento particular ao seu agressor, que foi preso
Arcebispo é esfaqueado por aposentado
RÔMULO NEVES
DA AGÊNCIA FOLHA
O arcebispo de Vitória (ES),
dom Silvestre Luiz Scandian, 72,
foi esfaqueado por um homem
ontem, por volta das 16h20, dentro de uma sala da arquidiocese.
Ele passou por uma pequena intervenção cirúrgica na tarde de
ontem, mas, segundo a assessoria
do Hospital da Associação dos
Servidores Públicos, em Vitória,
não corre risco de morte e nenhum órgão vital foi afetado.
O professor de educação física
aposentado Robinson Sassemburgue Santana, 50, acusado pelo
ataque ao arcebispo, foi preso no
local do crime.
O agressor teria agendado uma
conversa com o arcebispo na tarde de ontem. Dom Silvestre costuma atender pessoalmente os
fiéis, em audiências particulares,
às quintas-feiras.
Segundo a polícia, Santana carregava uma faca de pequeno porte quando entrou na arquidiocese. Quando ficaram a sós na sala
onde ocorreria o atendimento, o
homem deu uma facada no tórax
do arcebispo, na altura do coração. Dom Silvestre conseguiu empurrar o agressor e fugir.
"Ordem divina"
Quando a polícia chegou, Santana ainda estava no local, na mesma posição em que havia caído
com o empurrão de dom Silvestre, e não ofereceu resistência à
prisão. Segundo a polícia, ele dizia
que recebera uma "ordem divina"
para matar o arcebispo.
A arquidiocese informou que o
professor aposentado era conhecido por alguns padres e não tinha
demonstrado nenhum comportamento estranho até ontem.
Segundo o delegado Darcy Arruda, responsável pelo caso, o
acusado estava lúcido e disse que
o crime foi uma ordem da Santíssima Trindade, pois já havia alertado o arcebispo dez anos antes.
Segundo o delegado, o acusado
falou que o crime foi cometido
porque o arcebispo não respeitava as palavras da Bíblia e não falava a "verdade do livro sagrado".
O vice-governador do Estado,
Lelo Coimbra, foi um dos primeiros a falar com o arcebispo no
hospital e relatou que dom Silvestre afirmou que não conhecia o
seu agressor.
Arruda definiu o crime como
"fundamentalista e fanático" e
afastou a possibilidade de ter ligação com o trabalho de defesa dos
direitos humanos realizado pelo
arcebispo, que lhe rendeu algumas ameaças de morte do crime
organizado no Estado.
Outro lado
Até a conclusão desta edição,
nenhum advogado havia se apresentado na delegacia para defender o professor aposentado.
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