São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Terapia com água termal reduz lesão

ENVIADA ESPECIAL A AVÈNE

Um tratamento à base de água termal capaz de melhorar as inflamações e irritações na pele e diminuir o uso de corticóides tópicos. É a proposta de uma terapia para doenças da pele, especialmente dermatite atópica e psoríase, desenvolvida na cidade de Avène (sudoeste da França).
O tratamento dura três semanas e custa 600 (além de hospedagem e passagem aérea). Devido aos efeitos terapêuticos comprovados cientificamente, é custeado pelo governo francês aos cidadãos daquele país. A estação termal recebe pacientes do mundo todo, inclusive brasileiros.
No Brasil, embora haja muitas fontes termais, com diferentes tipos de mineral e temperatura, não existe nenhuma dedicada exclusivamente a doenças da pele. Também não há estudos científicos que demonstrem, de acordo com as regras da medicina baseada em evidências, a eficiência do tratamento, segundo o médico termalista Marcos Untura Filho, de Poços de Caldas (MG).
As propriedades da água de Avène, rica em bicarbonato e silicato e com baixa minerabilidade, são conhecidas desde o século 18, mas só a partir de 1975 (quando o grupo Pierre passou a administrar a fonte) é que passaram a ser objeto de estudos científicos.
A água, que percorre a cadeia de montanhas Cèvennes, demora pelo menos 40 anos para chegar até a fonte. Nesse percurso, torna-se rica em oligominerais (elementos ou substâncias químicas em concentrações infinitesimais que possuem ação medicamentosa).
Segundo o médico dermatologista francês Didier Guerrero, há 1.400 fontes termais no mundo. A água de Avène, afirma ele, tem propriedades calmantes, amaciantes e antiinflamatórias e é ideal para o tratamento de eczemas e queimaduras.
Desde 1989, a água termal de Avène é vendida em tubos de spray a 130 países do mundo, inclusive o Brasil. Os preços variam de R$ 22,11 (50 ml) a R$ 53 (300 ml). A estação de tratamento, que funciona de abril a outubro, só recebe pacientes que já são acompanhados por dermatologistas.
Foi o caso da estudante brasileira Carolina Ohama, 11, portadora de dermatite atópica desde os três anos e que foi presenteada com o tratamento na estação. A mãe, Clélia, afirma que, com quatro dias de tratamento, o rosto da menina, até então coberto de lesões, começou a clarear. No final do tratamento, há dez dias, as lesões haviam desaparecido apenas com a terapia à base de água termal.
O dermatologista que acompanha Ohama, Roberto Takaoka, chefe do ambulatório de dermatite atópica do Hospital das Clínicas de São Paulo, também se surpreendeu com os resultados: "nunca a vi tão bem". Para ele, tratar a dermatite de uma forma natural é a melhor alternativa.
Estudos feitos pela estação mostraram que metade dos pacientes que fizeram tratamento no local, acompanhados durante seis meses após a terapia, relataram melhora dos sintomas no período.
Porém, por serem doenças crônicas, tanto a dermatite atópica quanto a psoríase podem se manifestar a qualquer momento.
O tratamento na estação tem o acompanhamento de um dermatologista. Para os adultos, os banhos de 20 minutos acontecem em cabines individuais. Os banhos são seguidos de duchas e, dependendo da doença, são utilizados produtos à base da água de Avène e extratos de plantas. Para auxiliar na cura, são aplicadas massagens e a técnica do envelopamento (aplicação de cremes) de partes do corpo.


A jornalista Cláudia Collucci viajou à França a convite do grupo Pierre Fabre


Texto Anterior: Saúde: Abusar de corticóide na pele causa estria
Próximo Texto: Plantão médico: Professor é exemplo na área de saúde
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.