São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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Acidente em 1996 deixou mais de 90 mortos

DA REPORTAGEM LOCAL

O acidente de ontem foi o segundo envolvendo um grande avião da TAM nos arredores do aeroporto de Congonhas.
Em 31 de outubro de 1996, a queda de um Fokker-100 da empresa, que acabara de decolar com destino ao Rio de Janeiro, deixou 99 mortos -90 passageiros, seis tripulantes e três pessoas em solo.
Em comparação com o acidente de ontem à noite, o de 1996 ocorreu na cabeceira oposta da pista do aeroporto, em área do bairro do Jabaquara, perto da av. Pedro Bueno.
A aeronave danificou dois prédios e sete casas a cerca de 15 quarteirões de distância da pista, além de destruir dez carros. A queda ocorreu pela manhã, às 8h28. Diferentemente da situação de ontem à noite, não chovia e o dia apresentava visibilidade bastante boa.
O Fokker-100 da TAM caiu por causa de uma falha no reverso da turbina. Essa espécie de pequena asa extra deve entrar em operação apenas nas aterrissagens, para ajudar na frenagem. Um fio desencapado ligado ao equipamento provocou uma falha eletromecânica, fenômeno nunca registrado na história da aviação comercial mundial até então.
Com o equipamento aberto, o avião não conseguiu ganhar altura. Ele perdeu totalmente a estabilidade e caiu aproximadamente 58 segundos depois de deixar Congonhas, após subir cerca de 150 metros.
Uma grande quantidade de combustível se espalhou rapidamente pelo local da queda e causou um incêndio. O fogo praticamente liquidou qualquer chance de sobrevivência das vítimas de dentro do avião.
Só depois do acidente é que a TAM e a empresa fabricante do avião alteraram a configuração do reverso da turbina, para que novos acidentes fossem evitados. O uso do avião, nas semanas após o acidente, chegou a ser suspenso em todo o mundo.
Segundo a Abrapava (Associação de Parentes de Vítimas de Acidentes Aéreos) a TAM pagou indenização à maior parte das famílias. Os valores variaram de US$ 500 mil a US$ 1,5 milhão. Um grupo de 65 famílias que entrou com ações na Justiça dos EUA também foi indenizado, mas ainda há ações com resultado pendente.
O relatório final da Aeronáutica sobre o acidente isentou a TAM de responsabilidade, mas recomendou à empresa procedimentos que já eram obrigatórios na época do desastre. Quatro das oito recomendações feitas à TAM exigiam melhoria no treinamento da tripulação.
Pelo relatório, a principal responsável pelo desastre foi a fabricante holandesa Fokker, por deficiências no projeto do avião. Falhas de outras empresas, da Europa e dos EUA, também foram apontadas.
Mas, segundo a Aeronáutica, o avião teria conseguido levantar vôo se o piloto não tivesse tentado corrigir o defeito em uma das turbinas: "A aeronave teria subido a 120 pés. Extremamente desagradável (para os passageiros), mas subiria", disse o coronel Douglas Ferreira Machado, chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). O chefe do Cenipa disse que a interferência dos pilotos contribuiu para o acidente.


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