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Acidente em 1996 deixou mais de 90 mortos
DA REPORTAGEM LOCAL
O acidente de ontem foi o segundo envolvendo um grande
avião da TAM nos arredores do
aeroporto de Congonhas.
Em 31 de outubro de 1996, a
queda de um Fokker-100 da
empresa, que acabara de decolar com destino ao Rio de Janeiro, deixou 99 mortos -90
passageiros, seis tripulantes e
três pessoas em solo.
Em comparação com o acidente de ontem à noite, o de
1996 ocorreu na cabeceira
oposta da pista do aeroporto,
em área do bairro do Jabaquara, perto da av. Pedro Bueno.
A aeronave danificou dois
prédios e sete casas a cerca de
15 quarteirões de distância da
pista, além de destruir dez carros. A queda ocorreu pela manhã, às 8h28. Diferentemente
da situação de ontem à noite,
não chovia e o dia apresentava
visibilidade bastante boa.
O Fokker-100 da TAM caiu
por causa de uma falha no reverso da turbina. Essa espécie
de pequena asa extra deve entrar em operação apenas nas
aterrissagens, para ajudar na
frenagem. Um fio desencapado
ligado ao equipamento provocou uma falha eletromecânica,
fenômeno nunca registrado na
história da aviação comercial
mundial até então.
Com o equipamento aberto,
o avião não conseguiu ganhar
altura. Ele perdeu totalmente a
estabilidade e caiu aproximadamente 58 segundos depois
de deixar Congonhas, após subir cerca de 150 metros.
Uma grande quantidade de
combustível se espalhou rapidamente pelo local da queda e
causou um incêndio. O fogo
praticamente liquidou qualquer chance de sobrevivência
das vítimas de dentro do avião.
Só depois do acidente é que a
TAM e a empresa fabricante do
avião alteraram a configuração
do reverso da turbina, para que
novos acidentes fossem evitados. O uso do avião, nas semanas após o acidente, chegou a
ser suspenso em todo o mundo.
Segundo a Abrapava (Associação de Parentes de Vítimas
de Acidentes Aéreos) a TAM
pagou indenização à maior parte das famílias. Os valores variaram de US$ 500 mil a US$
1,5 milhão. Um grupo de 65 famílias que entrou com ações na
Justiça dos EUA também foi
indenizado, mas ainda há ações
com resultado pendente.
O relatório final da Aeronáutica sobre o acidente isentou a
TAM de responsabilidade, mas
recomendou à empresa procedimentos que já eram obrigatórios na época do desastre. Quatro das oito recomendações feitas à TAM exigiam melhoria no
treinamento da tripulação.
Pelo relatório, a principal
responsável pelo desastre foi a
fabricante holandesa Fokker,
por deficiências no projeto do
avião. Falhas de outras empresas, da Europa e dos EUA, também foram apontadas.
Mas, segundo a Aeronáutica,
o avião teria conseguido levantar vôo se o piloto não tivesse
tentado corrigir o defeito em
uma das turbinas: "A aeronave
teria subido a 120 pés. Extremamente desagradável (para
os passageiros), mas subiria",
disse o coronel Douglas Ferreira Machado, chefe do Cenipa
(Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). O chefe do Cenipa disse
que a interferência dos pilotos
contribuiu para o acidente.
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