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Piloto foi alertado, dizem controladores
Cerca de quatro minutos antes do pouso, operador fez dois avisos sobre as condições da pista, que estava escorregadia
Perícia mostra que comandante da aeronave havia compreendido as informações passadas pelo operador da torre
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O piloto do Airbus A-320 da
TAM com 176 pessoas que se
chocou ontem contra dois imóveis foi alertado duas vezes pelo
operador da torre de controle
que era preciso pousar com
cautela porque a pista principal
do aeroporto de Congonhas,
zona sul de São Paulo, estava
"molhada e escorregadia." Garoava no momento do acidente.
A Folha apurou junto a controladores de tráfego aéreo que
participaram da degravação
feita pela perícia do Cenipa
(Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) que o aviso foi dito entre
três minutos a quatro minutos
antes de a aeronave ter recebido autorização para pousar.
De acordo com o relatório da
torre, o avião tocou o solo por
volta das 18h40. Ainda, segundo controladores, que só aceitaram falar com a reportagem
sob a condição de não terem
seus nomes publicados, era
possível se escutar vozes de
dentro da cabine que diziam:
"vira, vira, vira agora!"
Segundo os controladores,
essas falas seriam da própria
tripulação do Airbus. Além da
conversa entre a cabine e a torre de controle, imagens do pouso do avião foram gravadas.
Nelas, os técnicos do Cenipa
perceberam que a aeronave
chegou a tocar o solo com os
três eixos. Os controladores da
torre disseram que o procedimento para o pouso, em princípio, esteve dentro dos padrões.
Tanto que quando foi alertado duas vezes pela torre sobre
as condições da pista, o comandante confirmou que entendeu
a informação e não se queixou
de nenhum problema, segundo
os controladores de vôo.
De acordo com os operadores, o procedimento padrão de
aterrissagem em condições de
chuva é para o piloto procurar
um ponto de toque no solo -o
mais aconselhável é que isso
seja feito o quanto antes, logo
no início da pista (a principal
tem 1.939 m de extensão).
A principal hipótese trabalhada pelo Cenipa para explicar o acidente, após uma análise inicial e não conclusiva das
imagens da tentativa de pouso
da aeronave, é que a tripulação
tenha percebido que ao tocar o
solo não conseguiria parar.
Em virtude de a pista estar
escorregadia, o avião tentou arremeter, mas como tinha pouca velocidade não houve resistência suficiente do ar para subir. Assim, entrou à esquerda,
sobrevoou a avenida Washington Luís e caiu sobre um posto
de gasolina e o prédio da TAM.
Os controladores dizem que a
falta do grooving -ranhuras
que facilitam o escoamento de
água- prejudica os pousos.
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