São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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Piloto foi alertado, dizem controladores

Cerca de quatro minutos antes do pouso, operador fez dois avisos sobre as condições da pista, que estava escorregadia

Perícia mostra que comandante da aeronave havia compreendido as informações passadas pelo operador da torre

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O piloto do Airbus A-320 da TAM com 176 pessoas que se chocou ontem contra dois imóveis foi alertado duas vezes pelo operador da torre de controle que era preciso pousar com cautela porque a pista principal do aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, estava "molhada e escorregadia." Garoava no momento do acidente.
A Folha apurou junto a controladores de tráfego aéreo que participaram da degravação feita pela perícia do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) que o aviso foi dito entre três minutos a quatro minutos antes de a aeronave ter recebido autorização para pousar.
De acordo com o relatório da torre, o avião tocou o solo por volta das 18h40. Ainda, segundo controladores, que só aceitaram falar com a reportagem sob a condição de não terem seus nomes publicados, era possível se escutar vozes de dentro da cabine que diziam: "vira, vira, vira agora!"
Segundo os controladores, essas falas seriam da própria tripulação do Airbus. Além da conversa entre a cabine e a torre de controle, imagens do pouso do avião foram gravadas. Nelas, os técnicos do Cenipa perceberam que a aeronave chegou a tocar o solo com os três eixos. Os controladores da torre disseram que o procedimento para o pouso, em princípio, esteve dentro dos padrões.
Tanto que quando foi alertado duas vezes pela torre sobre as condições da pista, o comandante confirmou que entendeu a informação e não se queixou de nenhum problema, segundo os controladores de vôo.
De acordo com os operadores, o procedimento padrão de aterrissagem em condições de chuva é para o piloto procurar um ponto de toque no solo -o mais aconselhável é que isso seja feito o quanto antes, logo no início da pista (a principal tem 1.939 m de extensão).
A principal hipótese trabalhada pelo Cenipa para explicar o acidente, após uma análise inicial e não conclusiva das imagens da tentativa de pouso da aeronave, é que a tripulação tenha percebido que ao tocar o solo não conseguiria parar.
Em virtude de a pista estar escorregadia, o avião tentou arremeter, mas como tinha pouca velocidade não houve resistência suficiente do ar para subir. Assim, entrou à esquerda, sobrevoou a avenida Washington Luís e caiu sobre um posto de gasolina e o prédio da TAM. Os controladores dizem que a falta do grooving -ranhuras que facilitam o escoamento de água- prejudica os pousos.


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