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Acidente provoca empurra-empurra no governo
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O maior acidente da história
da aviação brasileira, menos de
dez meses depois do anterior,
gerou um empurra-empurra
no governo, e a Aeronáutica
simplesmente decidiu se auto-excluir do gabinete de crise
montado em São Paulo e formado por Infraero (estatal responsável pelos aeroportos),
Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) e a TAM, dona do
Boeing acidentado.
"Não houve nenhuma participação do controle de tráfego
aéreo no evento [acidente]. É
uma questão para a Infraero, a
Anac e a TAM, e nós não temos
nada a fazer nesse gerenciamento, a não ser que sejamos
chamados", disse ontem o diretor-geral do Decea (Departamento de Controle do Espaço
Aéreo), brigadeiro Ramon Borges Cardoso.
"Não é um acidente de controle de tráfego aéreo", disse o
brigadeiro. Segundo ele, o
Boeing da TAM teve uma comunicação de praxe normal
com o controle de aproximação
de Congonhas e o acidente foi
com a aeronave já em solo.
Ele disse que havia destacado
três oficiais para acompanhar o
caso em Congonhas e que a
FAB estaria "disponível para
colaborar", se chamada.
Lembrou, ainda, que, de todo
modo, as investigações serão
feitas pela Aeronáutica, especificamente pelo Cenipa (Centro
de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos), que
deve divulgar entre agosto e setembro as conclusões sobre a
queda do Boeing da Gol em
29/9 de 2006, até ontem o
maior acidente aéreo no Brasil.
A assessoria da Anac, por sua
vez, reagiu ao brigadeiro dizendo que não tinha nenhuma relação com o acidente.
O acidente, segundo o Decea,
ocorreu entre 18h50 e 18h55.
Nesse momento, o ministro da
Defesa, Waldir Pires, estava
numa audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
no Palácio do Planalto. Entrou
e saiu sem saber de nada e foi
para casa. De lá, foi chamado de
volta ao Planalto, para uma
reunião de emergência.
A partir das 19h, o Decea tomou duas providências: desviou todos os pousos previstos
para Congonhas para os aeroportos de Guarulhos e de Campinas e cancelou todas as decolagens rumo aos três aeroportos do Estado de São Paulo.
Na versão da Aeronáutica, o
Cenipa já havia avisado há meses sobre os perigos e sobre o
excesso de tráfego em Congonhas, mas a Anac não teria tomado nenhuma providência e
as companhias aéreas se recusaram a aliviar o aeroporto, para não perder mercado.
Mas o grande temor da FAB é
que os controladores de vôo
tentassem "se aproveitar" da situação, insistindo na tese de
que o sistema está todo em
frangalhos, quando o novo acidente não tem relação com o
controle de tráfego aéreo.
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