São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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Acidente provoca empurra-empurra no governo

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O maior acidente da história da aviação brasileira, menos de dez meses depois do anterior, gerou um empurra-empurra no governo, e a Aeronáutica simplesmente decidiu se auto-excluir do gabinete de crise montado em São Paulo e formado por Infraero (estatal responsável pelos aeroportos), Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e a TAM, dona do Boeing acidentado.
"Não houve nenhuma participação do controle de tráfego aéreo no evento [acidente]. É uma questão para a Infraero, a Anac e a TAM, e nós não temos nada a fazer nesse gerenciamento, a não ser que sejamos chamados", disse ontem o diretor-geral do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), brigadeiro Ramon Borges Cardoso.
"Não é um acidente de controle de tráfego aéreo", disse o brigadeiro. Segundo ele, o Boeing da TAM teve uma comunicação de praxe normal com o controle de aproximação de Congonhas e o acidente foi com a aeronave já em solo.
Ele disse que havia destacado três oficiais para acompanhar o caso em Congonhas e que a FAB estaria "disponível para colaborar", se chamada.
Lembrou, ainda, que, de todo modo, as investigações serão feitas pela Aeronáutica, especificamente pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que deve divulgar entre agosto e setembro as conclusões sobre a queda do Boeing da Gol em 29/9 de 2006, até ontem o maior acidente aéreo no Brasil.
A assessoria da Anac, por sua vez, reagiu ao brigadeiro dizendo que não tinha nenhuma relação com o acidente.
O acidente, segundo o Decea, ocorreu entre 18h50 e 18h55. Nesse momento, o ministro da Defesa, Waldir Pires, estava numa audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. Entrou e saiu sem saber de nada e foi para casa. De lá, foi chamado de volta ao Planalto, para uma reunião de emergência.
A partir das 19h, o Decea tomou duas providências: desviou todos os pousos previstos para Congonhas para os aeroportos de Guarulhos e de Campinas e cancelou todas as decolagens rumo aos três aeroportos do Estado de São Paulo.
Na versão da Aeronáutica, o Cenipa já havia avisado há meses sobre os perigos e sobre o excesso de tráfego em Congonhas, mas a Anac não teria tomado nenhuma providência e as companhias aéreas se recusaram a aliviar o aeroporto, para não perder mercado.
Mas o grande temor da FAB é que os controladores de vôo tentassem "se aproveitar" da situação, insistindo na tese de que o sistema está todo em frangalhos, quando o novo acidente não tem relação com o controle de tráfego aéreo.


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