São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2008

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Vai dar para ir e voltar com o bilhete, diz dona-de-casa

DA REPORTAGEM LOCAL

O segurança Gilberto Simões, 29, costuma levar em média cerca de duas horas, em três conduções, para ir todos os dias de casa, no Jardim Ângela, até o trabalho, no Jabaquara, ambos bairros da região sul. Há cinco anos, ele conta que gastava menos da metade desse tempo. "Preferia um transporte mais rápido, em vez de mais tempo de bilhete único", diz.
No entanto, ele acha que o aumento de duas para três horas do tempo para transbordos, anunciado ontem pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), vai ser vantajoso, "principalmente nas segundas e sextas, quando tem mais trânsito e levo mais de duas horas para chegar".
O ganho, porém, será no conforto de poder passar logo pela catraca -para otimizar as duas horas de gratuidade do bilhete único, Simões costumava lançar mão de uma artimanha comum entre os usuários de coletivos: esperar chegar perto do destino para só então pagar a passagem (o que costuma superlotar a parte da frente). "Na maioria das vezes, duas horas já era suficiente", observou.
Quando tinha que passar mais de duas horas em ônibus, a manicure Ivana Henrique, 45, costumava fazer o mesmo. "Mas para mim não muda muito", diz ela, que não tinha problemas para fazer a viagem de casa, em Piraporinha (extremo sul) até Santo Amaro (na mesma região) no antigo tempo.
Para ela, a medida será útil mesmo nos dias em que precisar "ir a uma consulta médica" ou "rodar pela 25 de março, para fazer uma ou outra compra" -casos em que "dará para ir e voltar com a mesma passagem", propósito diferente da intenção inicial do bilhete único, de baratear trajetos unidirecionais, quando foi concebido.
Para Ivana, a medida é um "toma lá-dá-cá". "A depender do custo desse tempo a mais [para a prefeitura] pode não ser vantagem", diz ela. "Já estou me preparando para um aumento da passagem, ou de algum imposto que a gente nem sabe". A prefeitura nega.
A vantagem para o barman Edmilson França, 27, também vai se resumir aos dias de passeio. Ele trabalha em Moema (região sul) e volta para casa, no Jardim Ângela, todos os dias após a 0h30, quando passa o último ônibus da linha. "Tenho que recorrer a uma perua clandestina. Poderiam distribuir melhor os horários", afirma.
(RICARDO SANGIOVANNI)


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