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foco
Fernanda Montenegro dá voz a versão de Capitu nos 111 anos da ABL, no Rio
LEANDRO FORTINO
DA SUCURSAL DO RIO
No ano do centenário da
morte de Machado de Assis,
Capitu finalmente pôde contar sua versão da história em
alto e bom tom. E na voz de
Fernanda Montenegro, que
fez ontem, no aniversário de
111 anos da Academia Brasileira de Letras, leitura de "Capitu, Memórias Póstumas",
de Domício Proença Filho.
O texto dramatizado foi
adaptado pelo acadêmico,
com a ajuda da atriz, especialmente para o evento, intitulado "Fernanda Montenegro É
Capitu" e realizado no teatro
da ABL, no Rio. Cerca de 280
pessoas assistiram à leitura.
Narrada apenas pela perspectiva subjetiva de seu marido, Bentinho, que a acusa de
adultério, Capitu nunca teve
a chance de dar o seu depoimento sobre o triângulo amoroso (completado por Escobar, grande amigo de Bentinho) que é o centro da obra
"Dom Casmurro", de 1899.
Mas, há nove anos, Proença
Filho resolveu celebrar os
cem anos do lançamento dessa obra-prima fazendo o que
Machado de Assis nunca fez:
justiça. E, nas 288 páginas do
livro, Capitolina conquistou a
oportunidade de se defender.
"Como ela não tem muito
direito nem espaço na obra
do Machado, o Domício deu
voz a ela, deu espaço suficiente para ela se apresentar. Por
isso eu pude fazer. Se fosse a
leitura da obra do Machado,
teria que ter um ator fazendo
o Bentinho", afirmou a atriz.
Fernanda interpretou o
texto usando a cadeira e a mesa que pertenceram a Machado, em exposição na ABL.
"Ela é milagrosa. Conhece o
poder encantatório das palavras. É realmente gratificador
e consagrador você ter um
texto seu lido por Fernanda",
elogiou Domício.
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