ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Facilitava a vida de Jozias de Andrade Sobrinho o fato de ser ambidestro. Nada melhor para um cirurgião do que poder usar as duas mãos com a mesma destreza.
Formado pela Escola Paulista de Medicina em 1954, Jozias tornou-se um dos maiores especialistas do Brasil em cirurgias de câncer de cabeça e pescoço. As operações que fazia eram inclusive filmadas, para ajudar em estudos.
Nascido em Olímpia, no interior de São Paulo, ele veio à capital para estudar. A mulher, Neuza, ele conheceu em sua cidade e com ela se casou dois anos depois de formado.
Era filho de um médico e viu um filho e um neto seguirem a mesma profissão.
Por 22 anos, trabalhou no Hospital do Câncer. Era frequentemente convidado para dar palestras em universidades e escreveu livros e artigos sobre sua especialidade.
Há algum tempo, porém, sofreu uma trombose no olho e perdeu parte da visão. Teve de parar com as cirurgias -no começo, sentia falta de realizar a atividade, mas foi se acostumando aos poucos. Trabalhava ultimamente no Hospital Heliópolis, em São Paulo, onde orientava teses.
Uma de suas paixões era a fazenda que comprara nos anos 60, em Iguape, no litoral paulista. Lá, criava búfalos e tinha uma plantação com cerca de cem mil pés de palmito. Frequentava a propriedade semanalmente.
Nas palavras do filho Cláudio, Jozias tinha um viés caipira. Gostava das coisas simples e de tomar uma cachacinha na varanda da fazenda.
Na quinta-feira, morreu aos 80 anos, após sofrer um ataque cardíaco. Teve quatro filhos e sete netos.

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