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Sarcástico, advogado de goleiro afirma que o júri é seu "palco"
Ércio Quaresma Firpe é tratado como celebridade nas ruas de BH
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
Ércio Quaresma Firpe, 46,
carrega um "quê" de John
Milton, personagem de Al
Pacino no filme "O Advogado do Diabo" e responsável
pela marcante frase "a vaidade é meu pecado favorito".
Dono de um pensamento
rápido e, às vezes, sarcástico,
"doutor Quaresma", como
costuma ser chamado, é tratado hoje com a reverência
dispensada às celebridades
quando vai às ruas e no meio
jurídico de Belo Horizonte.
Mas ele se recusa admitir
ter criado um personagem.
"Só faço isso [interpretar]
quando estou no júri. Ali é
meu palco", diz Quaresma,
rindo alto. "Quando for fazer
uma sustentação oral [à Justiça], saberão quem sou."
Ele chefia a equipe de advogados que trabalha para
tentar livrar da prisão Bruno
Fernandes das Dores de Souza, 25, ex-goleiro do Flamengo, sua mulher e mais quatro
amigos do atleta, todos acusados pelo desaparecimento
de Eliza Samudio, 25.
SORRISO
Ex-policial que virou advogado há 20 anos, período em
que atuou em 400 júris, Quaresma foi preso três vezes
acusado de desacatar juízes,
já teve o carro atingido por tiros e tem se especializado em
defender homens acusados
pela morte de mulheres.
Já defendeu o fazendeiro
Vitalmiro Bastos de Moura, o
Bida, condenado a 30 anos
como mandante da morte da
missionária Dorothy Stang,
em 2005, no Pará, e um borracheiro que, em janeiro, foi
flagrado pelo circuito de câmeras de um salão de cabeleireiro de Belo Horizonte ao
matar a tiros sua ex-mulher.
No dia em que Bruno passou mal na prisão, Quaresma
foi visitá-lo e tirou um sorriso
do goleiro ao dizer que ele
não precisava se preocupar
com o pagamento de seus honorários. "Disse ao Bruno
que Vagner Love e Adriano
[jogadores também envolvidos em questões policias
neste ano] iam formar um
fundo para me pagar", afirma o advogado, que se declara torcedor do Flamengo.
SUPOSIÇÕES
Como Quaresma dificilmente responde diretamente
uma pergunta sobre a culpa
ou não de seus clientes, é
preciso tempo ao seu lado
para tentar entender como
ele tentará convencer a Justiça e a opinião pública de que
Bruno não tem participação
no desaparecimento de Eliza.
O que mais parece querer é
individualizar a participação
de seus seis clientes presos.
"Por exemplo, vamos supor que o Macarrão era homossexual, o que acho difícil, e resolveu sumir com a
moça porque ela não deixava
o Bruno em paz. O que o Bruno tem a ver com isso?", diz.
Para tentar deixar Bruno
fora da prisão e de um provável júri, Quaresma afirma estar atrás até mesmo de imagens de relações sexuais do
jogador. "Vai que nessas gravações aparece a data e essa
data é a mesma na qual a polícia diz que ele participou de
alguma coisa contra Eliza."
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