São Paulo, domingo, 18 de julho de 2010

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Sarcástico, advogado de goleiro afirma que o júri é seu "palco"

Ércio Quaresma Firpe é tratado como celebridade nas ruas de BH

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Ércio Quaresma Firpe, 46, carrega um "quê" de John Milton, personagem de Al Pacino no filme "O Advogado do Diabo" e responsável pela marcante frase "a vaidade é meu pecado favorito".
Dono de um pensamento rápido e, às vezes, sarcástico, "doutor Quaresma", como costuma ser chamado, é tratado hoje com a reverência dispensada às celebridades quando vai às ruas e no meio jurídico de Belo Horizonte.
Mas ele se recusa admitir ter criado um personagem. "Só faço isso [interpretar] quando estou no júri. Ali é meu palco", diz Quaresma, rindo alto. "Quando for fazer uma sustentação oral [à Justiça], saberão quem sou."
Ele chefia a equipe de advogados que trabalha para tentar livrar da prisão Bruno Fernandes das Dores de Souza, 25, ex-goleiro do Flamengo, sua mulher e mais quatro amigos do atleta, todos acusados pelo desaparecimento de Eliza Samudio, 25.

SORRISO
Ex-policial que virou advogado há 20 anos, período em que atuou em 400 júris, Quaresma foi preso três vezes acusado de desacatar juízes, já teve o carro atingido por tiros e tem se especializado em defender homens acusados pela morte de mulheres.
Já defendeu o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, condenado a 30 anos como mandante da morte da missionária Dorothy Stang, em 2005, no Pará, e um borracheiro que, em janeiro, foi flagrado pelo circuito de câmeras de um salão de cabeleireiro de Belo Horizonte ao matar a tiros sua ex-mulher.
No dia em que Bruno passou mal na prisão, Quaresma foi visitá-lo e tirou um sorriso do goleiro ao dizer que ele não precisava se preocupar com o pagamento de seus honorários. "Disse ao Bruno que Vagner Love e Adriano [jogadores também envolvidos em questões policias neste ano] iam formar um fundo para me pagar", afirma o advogado, que se declara torcedor do Flamengo.

SUPOSIÇÕES
Como Quaresma dificilmente responde diretamente uma pergunta sobre a culpa ou não de seus clientes, é preciso tempo ao seu lado para tentar entender como ele tentará convencer a Justiça e a opinião pública de que Bruno não tem participação no desaparecimento de Eliza.
O que mais parece querer é individualizar a participação de seus seis clientes presos.
"Por exemplo, vamos supor que o Macarrão era homossexual, o que acho difícil, e resolveu sumir com a moça porque ela não deixava o Bruno em paz. O que o Bruno tem a ver com isso?", diz.
Para tentar deixar Bruno fora da prisão e de um provável júri, Quaresma afirma estar atrás até mesmo de imagens de relações sexuais do jogador. "Vai que nessas gravações aparece a data e essa data é a mesma na qual a polícia diz que ele participou de alguma coisa contra Eliza."


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