São Paulo, domingo, 18 de julho de 2010

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Maior da AL, penitenciária feminina em SP faz 90 anos

Trancadas em suas celas das 17h às 7h, 2.674 mulheres vivem na prisão

Divididas em 1.409 celas, a maioria das mulheres afirma que está presa por causa dos companheiros

OCIMARA BALMANT
DA REVISTA SÃOPAULO

Dia de visita na Penitenciária Feminina de Santana, na zona norte de SP. De fora, cerca de mil pessoas, muitas crianças, poucos maridos e algumas mães esperam na fila da revista da maior penitenciária da América Latina, que faz 90 anos em 2010.
Do lado de dentro, vivem 2.674 mulheres trancadas em suas celas das 17h às 7h. Metade delas nunca recebe visita. A outra metade passou o sábado se preparando, único dia em que secadores e chapinhas são liberados.
O arquiteto paulistano Ramos de Azevedo (1851-1928) projetou o prédio de três pavilhões para ser um presídio.

PROVOCATIVAS
Com 30 anos de serviço, o diretor da penitenciária, Maurício Guarnieri, 48, já dirigiu 12 presídios masculinos e está desde 2007 à frente da unidade de Santana.
Além da vaidade feminina, que fez abrir a exceção semanal ao secador, ele nota outras peculiaridades.
"A mulher é mais provocativa do que o homem. Se alguém vai tirar uma presa da cela, ela faz cena. Arranca a roupa, se lambuza de xampu e ninguém consegue pegar."
As tentativas de fuga também são inusitadas.
"Não cavam túneis. No domingo, pintam o cabelo, trocam de roupa com a visita e tentam sair com o povo."
Dentro das 1.409 celas, as histórias tem quase sempre o mesmo enredo: a maioria das mulheres diz que está presa por conta dos companheiros.
Por ressentimento, carência ou escolha, há muitas relações homossexuais.
Apenas uma minoria se orgulha dos cônjuges. É o caso das mulheres de Marcola e Andinho, chefes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que estão entre as líderes de Santana.
Na cozinha, que começa a funcionar às 3h da manhã, trabalham 63 detentas. Outras 1.100 são funcionárias de 13 oficinas, onde produzem armação de óculos, terços, tomadas e pratinhos de festa.
Com o trabalho, a presa diminui a pena e ganha até R$ 510, um salário mínimo. A maioria pede que parte seja enviada à família -muitas sustentam a casa assim.


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