São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2004

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ENSINO SUPERIOR

União anuncia elevação média de 18%, mas professores federais ameaçam parar; inflação no período foi de 6,81%

Governo promete reajuste e sindicato, greve

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após 12 rodadas de negociação, três propostas e nenhum acordo com o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), o governo decidiu publicar até sexta-feira uma medida provisória com o reajuste para a categoria variando de 10,15% a 35%. De julho de 2003 a julho deste ano, a inflação medida pelo IPCA ficou em 6,81%.
O reajuste representará um impacto de R$ 372 milhões na folha de pagamento deste ano dos 74 mil docentes. O aumento será retroativo a maio e deverá ser pago na folha do próximo mês.
O governo não aceitou a reivindicação do Andes de equiparar os valores entre aposentados e docentes na ativa ainda neste ano, o que representaria um gasto de mais R$ 70 milhões.

Preparação de greve
Na manhã de hoje, o sindicato deve fazer uma reunião para instalar o comando nacional de greve. Segundo a presidente do Andes, Marina Barbosa, 14 instituições federais de ensino superior (de um total de 54) aprovaram a paralisação, entre elas a UnB (Universidade de Brasília) e a Universidade Federal da Bahia.
Na UnB, a reitoria decidiu na primeira semana deste mês adiar o início das aulas por tempo indeterminado devido à greve dos funcionários, parados há mais de 45 dias por negociação salarial. Os professores da universidade aprovaram anteontem a paralisação.
Para os servidores, os ministérios do Planejamento e da Educação devem apresentar nova proposta até o final desta semana.
"A atitude do governo vai gerar estarrecimento e decepção na categoria. Até agora [ontem à tarde], a greve está mantida", afirmou Barbosa.
Segundo o secretário-executivo-adjunto do Ministério da Educação, Jairo Jorge da Silva, será montado um grupo de trabalho com o sindicato para continuar discutindo a equiparação entre os salários de aposentados e ativos.
"Estamos tirando o caráter de produção que era usado para dar a gratificação e concedendo reajuste médio de 18%. Não é possível atender a isonomia total neste primeiro momento", afirmou.
Sobre a possibilidade de greve, Silva disse que o Ministério da Educação "lidará com responsabilidade e diálogo". Pela proposta do governo, um professor-adjunto com doutorado, por exemplo, que recebia no mínimo R$ 4.251 passará a ter salário de R$ 5.100.
No ano passado, o primeiro do governo Luiz Inácio Lula da Silva, os professores das universidades federais tiveram um reajuste médio de 2%. O índice foi igual para todo o funcionalismo público federal. Neste ano, o governo optou por fazer a negociação separada com cada categoria.


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