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ENSINO SUPERIOR
União anuncia elevação média de 18%, mas professores federais ameaçam parar; inflação no período foi de 6,81%
Governo promete reajuste e sindicato, greve
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após 12 rodadas de negociação,
três propostas e nenhum acordo
com o Andes (Sindicato Nacional
dos Docentes das Instituições de
Ensino Superior), o governo decidiu publicar até sexta-feira uma
medida provisória com o reajuste
para a categoria variando de
10,15% a 35%. De julho de 2003 a
julho deste ano, a inflação medida
pelo IPCA ficou em 6,81%.
O reajuste representará um impacto de R$ 372 milhões na folha
de pagamento deste ano dos 74
mil docentes. O aumento será retroativo a maio e deverá ser pago
na folha do próximo mês.
O governo não aceitou a reivindicação do Andes de equiparar os
valores entre aposentados e docentes na ativa ainda neste ano, o
que representaria um gasto de
mais R$ 70 milhões.
Preparação de greve
Na manhã de hoje, o sindicato
deve fazer uma reunião para instalar o comando nacional de greve. Segundo a presidente do Andes, Marina Barbosa, 14 instituições federais de ensino superior
(de um total de 54) aprovaram a
paralisação, entre elas a UnB
(Universidade de Brasília) e a
Universidade Federal da Bahia.
Na UnB, a reitoria decidiu na
primeira semana deste mês adiar
o início das aulas por tempo indeterminado devido à greve dos
funcionários, parados há mais de
45 dias por negociação salarial. Os
professores da universidade aprovaram anteontem a paralisação.
Para os servidores, os ministérios do Planejamento e da Educação devem apresentar nova proposta até o final desta semana.
"A atitude do governo vai gerar
estarrecimento e decepção na categoria. Até agora [ontem à tarde], a greve está mantida", afirmou Barbosa.
Segundo o secretário-executivo-adjunto do Ministério da Educação, Jairo Jorge da Silva, será
montado um grupo de trabalho
com o sindicato para continuar
discutindo a equiparação entre os
salários de aposentados e ativos.
"Estamos tirando o caráter de
produção que era usado para dar
a gratificação e concedendo reajuste médio de 18%. Não é possível atender a isonomia total neste
primeiro momento", afirmou.
Sobre a possibilidade de greve,
Silva disse que o Ministério da
Educação "lidará com responsabilidade e diálogo". Pela proposta
do governo, um professor-adjunto com doutorado, por exemplo,
que recebia no mínimo R$ 4.251
passará a ter salário de R$ 5.100.
No ano passado, o primeiro do
governo Luiz Inácio Lula da Silva,
os professores das universidades
federais tiveram um reajuste médio de 2%. O índice foi igual para
todo o funcionalismo público federal. Neste ano, o governo optou
por fazer a negociação separada
com cada categoria.
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