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Juizado "rápido" marca audiência para 2010
Criado para resolver rapidamente queixas de consumidores, juizado na Bahia agenda audiências de instrução para junho de 2010
Segundo a OAB-BA, processos se acumulam por falta de juízes e de funcionários; Tribunal de Justiça não se pronunciou
JOSÉ EDUARDO RONDON
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
Criado para resolver, de forma rápida, problemas relacionados aos direitos do consumidor, o Juizado Especial Cível de
Defesa do Consumidor de Salvador vem agendando audiências de instrução para junho
de 2010, de acordo com a seção
da OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) no Estado.
"Não é possível que isso venha a acontecer. Os juizados foram criados para agilizar a solução desses problemas, mas
esses processos estão se acumulando por falta de juízes e
serventuários", disse o presidente da OAB-BA, Saul Quadros Filho, por meio da assessoria de imprensa da entidade.
A OAB aponta que o problema não se limita a Salvador. Em
Itabuna (449 km da capital
baiana), as audiências de instrução ficam para 2011 e 2012.
A entidade já pediu soluções
para a morosidade ao Tribunal
de Justiça da Bahia.
Procurada pela reportagem,
a assessoria do Tribunal de Justiça afirmou que quem iria se
pronunciar sobre o caso seria o
juiz Cícero Landin, chefe da
Coordenação de Juizados Especiais. O juiz, porém, não foi
localizado.
Um supervisor do juizado,
que pediu para não ser identificado, confirmou que as audiências de instrução estão sendo
marcadas para 2010.
Segundo ele, há acúmulo de
trabalho no órgão. Ele apontou
que há uma procura crescente
de consumidores pelos serviços
do juizado especial e que não há
funcionários e estrutura suficiente para atender à demanda.
De acordo com o servidor, a
maior parte das queixas de consumidores envolve empresas
de telefonia.
Favorecimento
É o caso do advogado Ernon
Flamarion Silva, que deu entrada em janeiro em uma ação
contra a companhia telefônica
Telemar em um juizado de
Salvador.
O processo questiona uma
suposta cobrança indevida a
um cliente.
Em março passado, houve
uma audiência de conciliação,
que não chegou a acordo. A audiência seguinte, de instrução,
foi marcada apenas para junho
de 2010.
O advogado afirma que a lentidão favorece o réu. "Depois de
tanto tempo, ele [empresa] vai
propor acordo para pagar metade do valor que deveria."
Em outros Estados consultados pela Folha, também há
problemas de lentidão nos juizados especiais.
Em Pernambuco, o agendamento de audiência de instrução demora de um a dois anos,
segundo a assessoria do Tribunal de Justiça. Em Goiás, a resolução do processo demora
seis meses.
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