São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Em 2 anos, denúncias de abuso de crianças crescem quatro vezes

Programa federal recebe pelo disque-100, em média, 52 acusações de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes por dia

Em média, são 2.300 ligações por dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados; autores podem acompanhar destino das denúncias

Ueslei Marcelino/Folha Imagem
Atendentes do disque-100 contra exploração sexual de crianças e adolescentes trabalham em Brasília


MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A maioria das chamadas parte de telefones públicos. Numa sala do prédio anexo ao Ministério da Justiça, 21 atendentes do programa disque-100 anotam e encaminham, em média, 52 denúncias de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes por dia -número quatro vezes maior que a média registrada até dois anos atrás.
Um dos casos mais bem sucedidos do disque-denúncia foi registrado no mês passado. A partir de um telefonema anônimo, a Polícia Rodoviária Federal foi acionada e prendeu, em flagrante de exploração sexual, um caminhoneiro estacionado à beira de uma estrada em Minas. Segundo pesquisa dos policiais rodoviários, o Estado é o que reúne, no país, o maior número de pontos vulneráveis a atos de violência sexual contra crianças e adolescentes.
Entre os casos mais complicados do disque-denúncia, o serviço registra ligações de pedófilos, com ameaças psicológicas aos atendentes. Chamadas desse tipo são transferidas para uma escuta especializada no serviço, da mesma forma que chamadas feitas diretamente por vítimas de violência ou trotes recorrentes. Detalhes dos atendimentos são mantidos sob reserva.
O disque-100 recebe, em média, 2.300 telefonemas por dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Todas as denúncias podem ter o destino acompanhado por seus autores.
Os casos de negligência a crianças, denunciados por vizinhos ou parentes, são mais numerosos do que os de abuso sexual, relata Socorro Tabosa, coordenadora do programa nacional de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, do qual o disque-denúncia faz parte.
Estatísticas do programa mostram que, desde 2003, o percentual maior de denúncias (33%) trata de episódios de violência física e psicológica. Os casos de abuso sexual representam 19% do total, seguidos por casos de exploração sexual comercial (14,11%). Há ainda registros de pornografia e tráfico de pessoas.
São Paulo, com 4.808 telefonemas, aparece nas estatísticas com o maior número absoluto de denúncias. Ao mesmo tempo, o Estado detém o menor volume de denúncias em relação ao número de habitantes.
Proporcionalmente ao número de moradores, o Distrito Federal encabeça o ranking, seguido por Maranhão, Amapá e Pará. Essas estatísticas refletem tanto o acesso ao disque-denúncia como a dimensão da violência.


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