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Infraero estuda construir "atoleiro" em Congonhas
Medida foi anunciada um mês depois da tragédia da TAM, que matou 199 pessoas no aeroporto da zona sul de São Paulo
Projeto prevê cimento poroso e rede para conter aviões que não conseguirem frear; aviões deverão ter limite de peso reduzido
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Um mês depois do acidente
com o avião da TAM, que deixou 199 mortos, a Infraero
anunciou que estuda construir
no final da pista do aeroporto
de Congonhas, local da tragédia, um atoleiro e uma rede de
aço para segurar os aviões que
não conseguirem parar.
Além disso, segundo o presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) deverá limitar o peso das aeronaves.
Gaudenzi justificou que, com
menos peso, será mais fácil
conter as aeronaves em caso de
problemas no pouso.
"Estamos estudando colocar
no final da pista concreto poroso, como uma caixa de areia,
que fará com que o avião atole
caso não consiga parar. Se a aeronave não parar completamente [na areia], tem a rede para segurá-la. São duas áreas de
contenção", disse. Ele afirmou
que será uma licitação internacional, mas não soube dar detalhes como o tamanho da área
de escape e o custo da obra.
Em 2001, uma comissão da
Câmara de São Paulo que estudou o tráfego aéreo em Congonhas já trouxe a idéia, ignorada
pela Infraero até agora.
A hipótese de a pista ter influenciado diretamente no acidente é uma das linhas investigadas pela FAB. Já a Polícia Civil de São Paulo, que também
investiga o caso, estabelece as
más condições da pista como o
principal eixo da investigação.
A chuva, aliada à falta do
grooving (ranhuras no asfalto
que auxiliam no escoamento de
água), foi citada por pilotos e
técnicos ouvidos pela Polícia
Civil como preponderantes para o avião não conseguir frear.
"Os depoimentos colhidos citam as más condições de pista,
mas outras pessoas precisam
ser ouvidas", afirmou o delegado Antonio Carlos Menezes
Barbosa, do 27º DP. A investigação acredita que não houve
um só fator determinante, mas
sim um conjunto de problemas.
"Por enquanto, não posso ter
uma convicção ainda sobre o
que causou a tragédia."
Guarulhos
Gaudenzi confirmou que, a
partir de segunda-feira, a pista
principal do aeroporto de Guarulhos será interditada para reforma e só será reaberta em 30
de novembro. O procedimento
será adotado antes mesmo de a
Anac e a Aeronáutica terem definido como serão redistribuídos os vôos do terminal.
O presidente da Infraero disse que não haverá, por conta
disso, um congestionamento
no aeroporto na segunda. Segundo ele, há estudos que demonstram que a pista auxiliar
comporta o movimento diário
de 440 vôos. Os dois órgãos se
reúnem segunda ou terça-feira.
A reforma vai custar R$ 13
milhões e será tocada pelas
construtoras Queiroz Galvão,
Constran e Serveng. O contrato
é de 2005, mas a obra não foi
feita até hoje porque não era
prioridade, segundo a Infraero.
Corpos das vítimas
As últimas cinco vítimas do
acidente só poderão ser identificadas por exames de DNA.
Até esta semana, o Instituto
Médico Legal utilizava também
a análise das arcadas dentárias,
as impressões digitais e a análise de objetos das vítimas.
O diretor do IML, Carlos Alberto de Souza Coelho, estima
que o trabalho seja concluído
até o final da próxima semana.
Existe ainda a possibilidade de
os corpos restantes não serem
identificados por conta do alto
nível de carbonização.
Colaboraram EVANDRO SPINELLI, da Reportagem Local, e RAFAEL TARGINO , Colaboração
para a Folha
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