São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Infraero estuda construir "atoleiro" em Congonhas

Medida foi anunciada um mês depois da tragédia da TAM, que matou 199 pessoas no aeroporto da zona sul de São Paulo

Projeto prevê cimento poroso e rede para conter aviões que não conseguirem frear; aviões deverão ter limite de peso reduzido

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um mês depois do acidente com o avião da TAM, que deixou 199 mortos, a Infraero anunciou que estuda construir no final da pista do aeroporto de Congonhas, local da tragédia, um atoleiro e uma rede de aço para segurar os aviões que não conseguirem parar.
Além disso, segundo o presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) deverá limitar o peso das aeronaves. Gaudenzi justificou que, com menos peso, será mais fácil conter as aeronaves em caso de problemas no pouso.
"Estamos estudando colocar no final da pista concreto poroso, como uma caixa de areia, que fará com que o avião atole caso não consiga parar. Se a aeronave não parar completamente [na areia], tem a rede para segurá-la. São duas áreas de contenção", disse. Ele afirmou que será uma licitação internacional, mas não soube dar detalhes como o tamanho da área de escape e o custo da obra.
Em 2001, uma comissão da Câmara de São Paulo que estudou o tráfego aéreo em Congonhas já trouxe a idéia, ignorada pela Infraero até agora. A hipótese de a pista ter influenciado diretamente no acidente é uma das linhas investigadas pela FAB. Já a Polícia Civil de São Paulo, que também investiga o caso, estabelece as más condições da pista como o principal eixo da investigação.
A chuva, aliada à falta do grooving (ranhuras no asfalto que auxiliam no escoamento de água), foi citada por pilotos e técnicos ouvidos pela Polícia Civil como preponderantes para o avião não conseguir frear.
"Os depoimentos colhidos citam as más condições de pista, mas outras pessoas precisam ser ouvidas", afirmou o delegado Antonio Carlos Menezes Barbosa, do 27º DP. A investigação acredita que não houve um só fator determinante, mas sim um conjunto de problemas.
"Por enquanto, não posso ter uma convicção ainda sobre o que causou a tragédia."

Guarulhos
Gaudenzi confirmou que, a partir de segunda-feira, a pista principal do aeroporto de Guarulhos será interditada para reforma e só será reaberta em 30 de novembro. O procedimento será adotado antes mesmo de a Anac e a Aeronáutica terem definido como serão redistribuídos os vôos do terminal.
O presidente da Infraero disse que não haverá, por conta disso, um congestionamento no aeroporto na segunda. Segundo ele, há estudos que demonstram que a pista auxiliar comporta o movimento diário de 440 vôos. Os dois órgãos se reúnem segunda ou terça-feira.
A reforma vai custar R$ 13 milhões e será tocada pelas construtoras Queiroz Galvão, Constran e Serveng. O contrato é de 2005, mas a obra não foi feita até hoje porque não era prioridade, segundo a Infraero.

Corpos das vítimas
As últimas cinco vítimas do acidente só poderão ser identificadas por exames de DNA.
Até esta semana, o Instituto Médico Legal utilizava também a análise das arcadas dentárias, as impressões digitais e a análise de objetos das vítimas.
O diretor do IML, Carlos Alberto de Souza Coelho, estima que o trabalho seja concluído até o final da próxima semana.
Existe ainda a possibilidade de os corpos restantes não serem identificados por conta do alto nível de carbonização.


Colaboraram EVANDRO SPINELLI, da Reportagem Local, e RAFAEL TARGINO , Colaboração para a Folha


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