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Vizinhos do aeroporto são contra a criação de memorial e praça
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Moradores do entorno do antigo prédio da TAM Express
não conseguem esquecer a tragédia e criticam a criação de um
memorial no local do acidente
-idéia da prefeitura que, segundo eles, só atrairá criminalidade. "Quem vai ficar numa
praça onde morreu tanta gente,
onde há tanta poluição e barulho de avião?", questiona Joana
Alves, dona do restaurante ao
lado dos escombros.
Ela atendia diariamente cerca de 20 funcionários do prédio
da TAM Express. Agora o movimento caiu. "Nada voltará ao
normal. A gente passa perto e
fica triste, sabendo que tanta
gente morreu ali", diz Joana
-que participa de um abaixo-assinado dos moradores, contrários à criação do memorial.
Cerca de 20 seguranças guardam o local 24 horas por dia.
Eles dizem que toda noite algum parente tenta entrar nos
escombros, com flores, para rezar. "Já tivemos de impedir
gente de entrar à força. Para
eles, deve ser como um cemitério", diz um deles.
Enquanto faz crochê na garagem, a dona-de-casa Vera Lúcia
Rodrigues espia pela fresta do
portão -mesmo local de onde
viu a tragédia. "Não parece que
faz um mês, passou tão rápido,
como um susto", diz. "Antes o
prédio escondia o avião. Agora
dá para ver de longe, dá um
aperto no coração", diz. Diferente de alguns de seus vizinhos, que tentam vender e alugar suas casas, ela reforma a
sua. "Vender? Não adianta. A
dor está na memória, eu sempre vou levar comigo."
(WV)
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