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Militar é preso suspeito de auxiliar Abadía
Segundo investigações da PF, suboficial da FAB integra esquema que permitia a permanência do megatraficante no Brasil
Além de Angelo Reinaldo Fernandes Cassol, também foi preso um ex-policial federal, cujo nome, porém, não foi revelado pela PF
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu
ontem um suboficial da Aeronáutica, chefe da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) em
Foz do Iguaçu (PR), suspeito de
integrar o esquema que permitia a permanência do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía no Brasil.
Além do chefe da Anac, Angelo Reinaldo Fernandes Cassol, foi preso um ex-policial federal, cujo nome não foi revelado, que seria responsável por
fornecer documentos falsos para a quadrilha de Abadía.
Segundo a PF, o grupo integrado por Cassol havia se especializado em obter vistos de entrada e saída do Brasil. Eram
beneficiados no suposto esquema os membros mais importantes da quadrilha de Abadía.
Graças ao suposto esquema,
o colombiano conseguia permanecer no Brasil indefinidamente -ele revalidava os vistos
sem precisar cruzar a fronteira.
A polícia fez buscas na Anac,
na casa de Cassol e na agência
de turismo da mulher do militar, na mesma cidade.
Na última quinta-feira, a Folha revelou que, em conversas
informais com agentes federais, Abadía contou que havia
sido detido na fronteira com o
Paraguai pela PF com passaporte falso. Para se livrar da prisão, ele pagava US$ 400 (R$
800), suborno que teria pago
várias vezes na fronteira.
O colombiano, um dos maiores traficantes do mundo, foi
preso na semana passada na
Operação Farrapos da PF.
A ordem de prisão temporária, de cinco dias, foi expedida
pela 6ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo.
A PF chegou ao militar por
meio do depoimento do piloto
André Luiz Telles Barcellos,
considerado braço-direito do
colombiano no país.
Barcellos costumava adquirir passagens aéreas na agência
de turismo da mulher do suboficial, Vera Cassol, em Foz do
Iguaçu. O piloto e Cassol chegavam a ir juntos ao aeroporto,
onde está sediada a Anac.
Cassol, exonerado ontem pela Anac, havia sido nomeado
em 1º de novembro do ano passado para o cargo. O militar havia sido colocado à disposição
da agência pela Aeronáutica no
final de agosto do mesmo ano.
Abadía é acusado pelo DEA
(agência antidrogas dos EUA)
de ter levado ao país 1.000 t de
cocaína e ordenado a morte de
315 pessoas. Ele teria reunido
uma fortuna de R$ 3,6 bilhões.
O superintendente da PF em
São Paulo, Jaber Makul Hanna
Saadi, sugeriu ontem que haverá mais prisões de pessoas envolvidas com lavagem de dinheiro da organização criminosa do colombiano.
"Aqueles que estiverem envolvidos deverão ficar muito
preocupados porque chegaremos a eles", disse Saadi, parecendo consentir, ao não dar
resposta direta a uma pergunta
sobre se a PF investiga um empresário do Paraná que teria ligação com a quadrilha.
Saadi chamou de "rescaldo
da Operação Farrapos" a ação
de ontem que resultou nas prisões em Foz do Iguaçu (PR).
Colaborou a Agência Folha, em Curitiba
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