São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Militar é preso suspeito de auxiliar Abadía

Segundo investigações da PF, suboficial da FAB integra esquema que permitia a permanência do megatraficante no Brasil

Além de Angelo Reinaldo Fernandes Cassol, também foi preso um ex-policial federal, cujo nome, porém, não foi revelado pela PF

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal prendeu ontem um suboficial da Aeronáutica, chefe da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em Foz do Iguaçu (PR), suspeito de integrar o esquema que permitia a permanência do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía no Brasil.
Além do chefe da Anac, Angelo Reinaldo Fernandes Cassol, foi preso um ex-policial federal, cujo nome não foi revelado, que seria responsável por fornecer documentos falsos para a quadrilha de Abadía.
Segundo a PF, o grupo integrado por Cassol havia se especializado em obter vistos de entrada e saída do Brasil. Eram beneficiados no suposto esquema os membros mais importantes da quadrilha de Abadía.
Graças ao suposto esquema, o colombiano conseguia permanecer no Brasil indefinidamente -ele revalidava os vistos sem precisar cruzar a fronteira.
A polícia fez buscas na Anac, na casa de Cassol e na agência de turismo da mulher do militar, na mesma cidade.
Na última quinta-feira, a Folha revelou que, em conversas informais com agentes federais, Abadía contou que havia sido detido na fronteira com o Paraguai pela PF com passaporte falso. Para se livrar da prisão, ele pagava US$ 400 (R$ 800), suborno que teria pago várias vezes na fronteira.
O colombiano, um dos maiores traficantes do mundo, foi preso na semana passada na Operação Farrapos da PF.
A ordem de prisão temporária, de cinco dias, foi expedida pela 6ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo.
A PF chegou ao militar por meio do depoimento do piloto André Luiz Telles Barcellos, considerado braço-direito do colombiano no país.
Barcellos costumava adquirir passagens aéreas na agência de turismo da mulher do suboficial, Vera Cassol, em Foz do Iguaçu. O piloto e Cassol chegavam a ir juntos ao aeroporto, onde está sediada a Anac.
Cassol, exonerado ontem pela Anac, havia sido nomeado em 1º de novembro do ano passado para o cargo. O militar havia sido colocado à disposição da agência pela Aeronáutica no final de agosto do mesmo ano.
Abadía é acusado pelo DEA (agência antidrogas dos EUA) de ter levado ao país 1.000 t de cocaína e ordenado a morte de 315 pessoas. Ele teria reunido uma fortuna de R$ 3,6 bilhões.
O superintendente da PF em São Paulo, Jaber Makul Hanna Saadi, sugeriu ontem que haverá mais prisões de pessoas envolvidas com lavagem de dinheiro da organização criminosa do colombiano.
"Aqueles que estiverem envolvidos deverão ficar muito preocupados porque chegaremos a eles", disse Saadi, parecendo consentir, ao não dar resposta direta a uma pergunta sobre se a PF investiga um empresário do Paraná que teria ligação com a quadrilha.
Saadi chamou de "rescaldo da Operação Farrapos" a ação de ontem que resultou nas prisões em Foz do Iguaçu (PR).


Colaborou a Agência Folha, em Curitiba

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