São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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Incêndio destrói parte do teatro Cultura Artística

Principal sala foi completamente danificada pelas chamas, que atingiram 20 m de altura

Casa de espetáculos, aberta em 1950, é uma das mais tradicionais de São Paulo; causas do incêndio ainda não foram esclarecidas


EDUARDO SIMÕES
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um incêndio, com labaredas que atingiram 20 metros de altura e demoraram oito horas para serem totalmente apagadas pelos bombeiros, destruiu parcialmente o teatro Cultura Artística e, segundo o Corpo de Bombeiros, comprometeu a estrutura do prédio, no centro de São Paulo, na madrugada de ontem. Ninguém ficou ferido.
O teatro, particular, é um dos mais tradicionais de São Paulo -foi inaugurado em 1950.
Ele ficará interditado por tempo indeterminado até que o Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) avalie se o prédio poderá ser liberado. A direção do teatro chegou até a colocar em dúvida se o local poderá ser reaberto.
A sala Esther Mesquita, palco principal do teatro, no segundo e último andar da construção, foi completamente destruída pelo incêndio. Com o fogo, o teto desabou sobre a platéia, que tinha 1.156 lugares. A queda do telhado também destruiu os três camarins que servem a sala e os três pianos do teatro. A perícia irá avaliar se a laje que separa o andar de cima do térreo está comprometida ou não.
Apesar de não terem sido atingidas, a administração, no primeiro andar, e a sala Rubens Sverner (o "Culturinha", com 339 lugares), no térreo, ficaram completamente alagadas com a água usada pelos bombeiros. Alguns documentos teriam sido destruídos. As bilheterias não foram atingidas.
O mural do artista plástico brasileiro Di Cavalcanti (1897-1976), da fachada, que mede 48 metros de largura por 8 de altura -o maior do pintor-, e é feito em mosaico de vidro, foi danificado -sofreu rachaduras e centenas de pastilhas que o compõem caíram devido ao calor. A obra deverá passar por restauração, segundo o teatro.
Apresentações que ocorreriam no teatro hoje e amanhã foram transferidas para outros locais (leia quadro na pág. C4).
A Polícia Civil investiga se o incêndio foi causado intencionalmente, por falta de manutenção ou até por descuido. O laudo do IC (Instituto de Criminalística) deverá ficar pronto em até 30 dias. Quando o incêndio começou, apenas o porteiro Euzebio Marcos estava no local. Ele disse à polícia que, por volta das 4h de ontem, sentiu um forte cheiro de fumaça e, ao subir até o segundo andar, constatou o incêndio.
De acordo com o capitão Martinho de Moraes, dos bombeiros, o hidrante mais próximo do teatro estava quebrado. Foram deslocados 18 caminhões para apagar o fogo.
Três prédios, com mais de 20 andares cada um, nos fundos do teatro, tiveram de ser evacuados. Além do temor de as labaredas atingirem os edifícios, a fumaça invadiu os apartamentos e havia o risco de intoxicação. Cerca de 600 pessoas ficaram duas horas na rua até poderem voltar para casa.


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