São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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Incêndio "mata" duas obras-primas

RICARDO FELTRIN
EDITOR-CHEFE DA FOLHA ONLINE

O incêndio do Cultura Artística ontem também matou duas obras de arte da música: os dois pianos Steinway que viviam no teatro. O mais antigo estava lá havia 20 anos; o mais novo, há quatro meses.
Cada piano desses carrega um código genético de 150 anos. Um dos instrumentos destruídos foi um Gran Concerto Model D, doado pela família Baumgart. O instrumento vale cerca de US$ 130 mil, mas só para trazê-lo de seu berço, a alemã Hamburgo, gastou-se mais U$ 20 mil.
O outro Steinway "morto" foi um Concert Grand, com cerca de 20 anos. Era considerado ainda ativo, mas já em estado de declínio. Isso porque a alma dessas obras está localizada no tampo, cujo corte e preparo podem levar mais de um ano. Com o tempo, a sonoridade do tampo decai. A firmeza da afinação também.
É comum ouvir a frase: "Pianos são como seres vivos". Alguns até assustam. Antes da estréia do model D, em maio, Nelson Freire se mostrou receoso. "Não sei se ele vai gostar de mim." Freire já havia se desentendido anos atrás com outro Steinway, na Sala São Paulo.
O Steinway está para o piano assim como Stradivarius está para o violino. Com a diferença que Antonio Stradivari morreu sem herdeiros. E os mágicos Steinway continuam vivos. Exceto os dois que morreram ontem.


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