São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSPLANTES
Convênio entre companhias aéreas e o Ministério da Saúde deverá diminuir custos e dar mais agilidade ao sistema
Acordo prevê transporte gratuito de órgãos

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um convênio entre as principais companhias aéreas do país e o Ministério da Saúde vai permitir que órgãos doados sejam transportados gratuitamente em vôos comerciais.
O funcionário do centro de transplantes responsável pelo transporte do órgão terá prioridade na lista de espera das companhias. "O custo vai ser menor e o serviço mais ágil", afirmou ontem a médica Rosana Reis Nothen, coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, durante o lançamento da 2ª Campanha Nacional de Doação de Órgãos.
A maioria dos transportes de órgãos conta com o apoio de aeronaves dos governos estaduais ou da FAB (Força Aérea Brasileira), o que representa maior custo e tempo de mobilização.
No entanto Rosana disse que, em algumas ocasiões, companhias aéreas permitiram o transporte de órgãos em seus vôos, mas em "caráter informal".
O maior problema, nesses casos, é a responsabilidade da empresa no transporte.
O Código Brasileiro Aeronáutico prevê que a companhia é responsável pelo que transporta.
"E se o avião não puder pousar por causa do tempo e o órgão for perdido? Não é justo culpar a empresa por isso", disse Rosana.
A solução está sendo estudada pelo Departamento Jurídico do Ministério da Saúde. O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas vai encaminhar nesta semana uma proposta que isenta as companhias da responsabilidade pelo transporte.
A Folha apurou que deve ser encaminhada uma proposta de emenda do governo ao Congresso Nacional para alterar o Código Brasileiro Aeronáutico.
Além de diminuir o custo, a possibilidade de usar vôos comerciais para transportar órgãos dará mais agilidade ao sistema, segundo Rosana.
Esse convênio vai facilitar o funcionamento da central de transplantes, implantada pelo Ministério da Saúde no mês passado, e permitir o maior aproveitamento dos órgãos doados.
De acordo com dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), o Brasil aproveitou no ano passado apenas 30% dos órgãos de doadores em potencial (pessoas que se declaram doadoras). Em 1998, foram aproveitados 32,6%.

Aumento
Segundo a associação, o Brasil registrou 3.399 transplantes no primeiro semestre deste ano, 15% a mais do que no mesmo período de 1999.
A perspectiva é que, até o final do ano, sejam 7.200 transplantes, 20% a mais do que em 1999.
Mesmo com o crescimento do número de transplantes, ainda existe hoje no país uma lista de 30 mil pacientes que estão à espera de um doador, segundo dados da associação.
"Um terço dos possíveis doadores é perdido por causa da resistência da família", afirmou o presidente da ABTO, Henry de Holanda Campos, que lançou ontem a 2ª Campanha Nacional de Doação de Órgãos.



Texto Anterior: Livros jurídicos - Walter Ceneviva
Próximo Texto: Utilização de rins de mortos cresce
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.