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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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VIOLÊNCIA

Em Brasília, 39 magistrados têm aulas com policiais federais; Rio permite compra de pistola de uso exclusivo do Exército

Medo leva juízes a cursos de defesa pessoal

Alan Marques/Folha Imagem
Magistrado durante aula do curso de defesa pessoal na Academia da Polícia Federal, em Brasília


FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Com medo da violência depois de dois assassinatos de juízes neste ano, juízes brasileiros estão aderindo a cursos de defesa e à compra de pistolas calibre .40, de uso restrito das Forças Armadas.
Em Brasília, 39 juízes fazem nesta semana o primeiro curso de segurança para magistrados, oferecido pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e pela Escola Nacional da Magistratura.
Ministrado por policiais federais, o curso inclui lições sobre direção defensiva, como perceber sinais de risco e como sair de situações de perigo.
O medo aumentou após as mortes, em março, de Alexandre Martins de Castro Filho, juiz da Vara de Execuções Penais de Vitória (ES), e de Antonio José Machado Dias, juiz-corregedor dos presídios de Presidente Prudente (SP). No Pará, o juiz trabalhista Jorge Ramos Vieira tem recebido ameaças de morte por sua atuação contra o trabalho escravo.
Vinte juízes e funcionários do Tribunal de Justiça do Rio está na Flórida, nos Estados Unidos, fazendo um curso sobre segurança de tribunais. Segundo o Tribunal de Justiça, há hoje no Rio quatro juízes com escolta policial, e três foram ameaçados.
Em meio à discussão sobre o Estatuto do Desarmamento, o Tribunal de Justiça do Rio publicou há dois dias a regulamentação para a compra de pistolas.
Juízes, segundo a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, já têm permissão para portar armas de defesa pessoal (por exercerem atividades consideradas de risco) e podem comprar armas.
No entanto, para comprar a arma de calibre .40 necessitam de permissão especial, concedida pelo Ministério do Exército por intermédio da portaria 535, de outubro de 2002. A portaria, válida para todo o Brasil, inclui membros do Ministério Público.
A resolução do Tribunal de Justiça do Rio regulamenta a compra para os juízes interessados. O relator da resolução, desembargador Manoel Carpena Amorim, disse que a medida não estimula a compra de armas, pois a permissão já existe, e apenas contribui para a segurança dos juízes.
Em Pernambuco, cerca de 70 juízes querem comprar a pistola, segundo a associação de magistrados do Estado, que diz que há pelo menos três juízes sob escolta.
Pela primeira vez, noções de segurança e aulas de tiro foram incluídas no curso preparatório para juízes recém-aprovados nos concursos. Lemos reconhece que a autorização para compra de pistolas pode provocar polêmica, mas é necessária diante dos riscos vividos pelos magistrados.
Aulas de tiro também passaram a fazer parte dos cursos realizados pela Associação de Magistrados do Espírito Santo.
Em São Paulo, após a morte do juiz-corregedor, o Tribunal de Justiça elaborou uma cartilha com dicas de segurança. Segundo a assessoria do tribunal, foi disponibilizada escolta para os 46 juízes-corregedores do Estado.
A Apamagis (Associação Paulista de Magistrados) organizou palestras de policiais civis e militares sobre segurança.


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