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POLÍCIA SOB SUSPEITA
Alexandre Morato Crenite é acusado de integrar esquema para proteger Ari Natalino da Silva, dono da Petroforte
Delegado federal deixa prisão após 10 dias
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça Federal libertou ontem
à noite o delegado da Polícia Federal Alexandre Morato Crenite,
que estava preso havia dez dias
em São Paulo, acusado de integrar o esquema de proteção do
empresário Ari Natalino da Silva,
dono da Petroforte, investigado
por adulteração de combustível,
formação de quadrilha e sonegação fiscal, entre outros crimes.
O policial teve a prisão temporária decretada a pedido do Ministério Público Federal, por causa de uma série de grampos telefônicos. Em um dos diálogos gravados, segundo a Procuradoria da
República, o ex-advogado de Silva, Wellengton Campos, e a mulher do empresário, Débora Aparecida Gonçalves, conversam sobre valores que teriam sido pagos
a Crenite para "segurar provas" e
"trabalhar a liberdade" de Silva.
Na época, o delegado, que hoje
está na Corregedoria da PF em
São Paulo, trabalhava na delegacia de crime organizado e investigava o dono da Petroforte.
Ontem, o juiz Ali Mazloum, da
7ª Vara Criminal Federal da capital, negou o pedido de prisão preventiva contra Crenite, apresentado pelo Ministério Público Federal com a denúncia. A Procuradoria da República acusou formalmente o policial de crime de corrupção, violação de sigilo profissional e favorecimento.
O advogado, a mulher do empresário e o dono da Petroforte
foram incluídos na denúncia, mas
não houve pedido de prisão.
A Folha não conseguiu falar
com o juiz ontem à noite, em seu
gabinete, para saber se ele havia
aceitado a denúncia do Ministério
Público e por que havia recusado
o pedido de prisão preventiva
contra o delegado.
A reportagem apurou que a
acusação não teria sido aceita por
insuficiência de provas.
O pedido de prisão temporária,
que era de cinco dias, foi renovado uma vez, na última sexta-feira,
pelo juiz da 7ª Vara Criminal.
Segundo a assessoria da Polícia
Federal, a ordem de soltura chegou por fax, no início da noite, e o
policial foi liberado. Hoje, ele deve
retornar à sua função na Corregedoria da instituição.
As interceptações telefônicas
contra o delegado saíram da mesma investigação em que policiais
civis paulistas apareceriam ligados a grupos criminosos. A apuração foi feita pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal,
com ordens judiciais.
Ontem, a Procuradoria da República de São Paulo informou
que o dono da Petroforte, após ser
colocado em liberdade por força
de habeas corpus do TRF-SP, desapareceu. Ele pode ter deixado o
país, segundo procuradores.
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