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Secretário critica falta de acesso a provas
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, voltou a criticar
ontem as denúncias de envolvimento de policiais de São Paulo
com uma rede liderada por Roberto Eleutério da Silva, o Lobão,
considerado o maior contrabandista de cigarros do país.
"Não estão sendo apresentados
fatos concretos, apenas generalidades", disse ele, ao negar-se a comentar as denúncias. A declaração foi feita cinco dias após ele
afirmar que as investigações do
Ministério Público Federal foram
feitas de maneira "quixotesca".
Abreu Filho reclamou ainda
que o debate sobre o caso está
sendo "pautado via imprensa" e
que não teve acesso aos documentos e às gravações telefônicas.
O secretário questionou a credibilidade das informações gravadas, que revelaram uma rede policial de proteção a cargas roubadas, com a suposta participação
do delegado-geral da Polícia Civil
paulista, Marco Antonio Desgualdo. "Até que ponto pegar um
grampo de um bandido, que está
achacando dinheiro e, às vezes até
para aumentar o valor da sua extorsão, cita nomes de cúpula, de
um delegado-geral, tem credibilidade?", questionou.
O secretário afirmou que a divulgação das gravações atrapalha
as investigações. "Criminoso faz
uma citação e acaba tendo uma
malha de proteção sobre sua palavra que coloca em confronto todo
um passado de gente com 40 anos
de polícia." A gravação a que o secretário se refere é de uma conversa entre dois policiais.
Para o presidente da CPI da Pirataria da Câmara, deputado Luiz
Antonio de Medeiros (PL-SP), a
secretaria só deve receber o processo no final das investigações.
"São denúncias contra a polícia
paulista. Ela não pode ter conhecimento de todas as provas contra
ela mesma", disse. Segundo Medeiros, elas devem ser apuradas
por órgãos independentes -a
Promotoria estadual e a Justiça.
O governador Geraldo Alckmin
(PSDB) disse que a determinação
é apurar com rigor todos os casos.
Mas disse ser importante separar
o joio do trigo. Questionado sobre
a suposta participação do delegado-geral, foi enfático. "É evidente
que eu não acredito. Agora, não
vai deixar de ser apurado."
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