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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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Secretário critica falta de acesso a provas

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, voltou a criticar ontem as denúncias de envolvimento de policiais de São Paulo com uma rede liderada por Roberto Eleutério da Silva, o Lobão, considerado o maior contrabandista de cigarros do país.
"Não estão sendo apresentados fatos concretos, apenas generalidades", disse ele, ao negar-se a comentar as denúncias. A declaração foi feita cinco dias após ele afirmar que as investigações do Ministério Público Federal foram feitas de maneira "quixotesca".
Abreu Filho reclamou ainda que o debate sobre o caso está sendo "pautado via imprensa" e que não teve acesso aos documentos e às gravações telefônicas.
O secretário questionou a credibilidade das informações gravadas, que revelaram uma rede policial de proteção a cargas roubadas, com a suposta participação do delegado-geral da Polícia Civil paulista, Marco Antonio Desgualdo. "Até que ponto pegar um grampo de um bandido, que está achacando dinheiro e, às vezes até para aumentar o valor da sua extorsão, cita nomes de cúpula, de um delegado-geral, tem credibilidade?", questionou.
O secretário afirmou que a divulgação das gravações atrapalha as investigações. "Criminoso faz uma citação e acaba tendo uma malha de proteção sobre sua palavra que coloca em confronto todo um passado de gente com 40 anos de polícia." A gravação a que o secretário se refere é de uma conversa entre dois policiais.
Para o presidente da CPI da Pirataria da Câmara, deputado Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP), a secretaria só deve receber o processo no final das investigações. "São denúncias contra a polícia paulista. Ela não pode ter conhecimento de todas as provas contra ela mesma", disse. Segundo Medeiros, elas devem ser apuradas por órgãos independentes -a Promotoria estadual e a Justiça.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a determinação é apurar com rigor todos os casos. Mas disse ser importante separar o joio do trigo. Questionado sobre a suposta participação do delegado-geral, foi enfático. "É evidente que eu não acredito. Agora, não vai deixar de ser apurado."


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