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Jovens artistas passam toda a madrugada em "maratona" de grafitagem
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Era 4h da madrugada e
ninguém estava com sono.
Caía uma garoa chata e ninguém sentia frio. Embalados
pelo rap dos DJs, dezenas de
grafiteiros, pendurados em
andaimes com seus tubos de
tintas nas mãos, corriam
contra o tempo.
Em uma verdadeira maratona, cerca de 120 jovens de
vários bairros de São Paulo,
além de convidados especiais do Rio de Janeiro, Porto
Alegre e Belo Horizonte,
aceitaram o desafio de, em
30 horas, grafitarem um dos
maiores painéis da América
Latina: um muro de 167 metros de comprimento e sete
metros de altura, que fica na
parte interna da estação de
trens Domingos de Moraes
da CPTM, zona oeste de SP.
O trabalho começou às
10h do sábado e terminou na
tarde de ontem, com uma
hora de atraso por causa das
chuvas. Ninguém estava
cansado. Morador da Freguesia do Ó, zona norte, Elton Luís Salles de Carvalho,
22, o "Shock" para grafiteiros, teve energia para pintar
detalhes do seu "menino-caracol" mesmo depois de passar a noite inteira acordado.
"Cheguei às 23h de ontem
[anteontem] e só parei alguns minutos para tirar um
cochilo dentro do vagão do
trem", conta. "Foi muito bacana e a gente nem sentiu o
tempo passar." Grafiteiro há
cinco anos, torce agora para
que o projeto seja levado a
mais estações da CPTM.
A carioca Panmela Castro,
25, "Anarkia" para a turma,
também era só elogios para a
iniciativa: "O grafite precisa
de espaços como esse. Todo
mundo sai ganhando: a cidade, os passageiros e os artistas". Formada em Belas-Artes pela UFRJ, foi a primeira
vez que esteve em São Paulo.
"Fui convidada e estou gostando muito. Ainda quero
conhecer melhor a cidade."
Baiano radicado em São
Paulo há 23 anos, Mauro
Contes, 41, garante que conhece bem a capital e também gostaria de ver mais espaços ocupados pelo grafite.
"Pego trem aqui todo dia e a
gente via aquele murão largado. Agora ficou muito mais
bonito", dizia enquanto esperava a próxima partida e
observava os jovens terminarem suas obras.
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