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Policiais civis mantêm greve; governo promete punições
Maior parte das delegacias continua com atendimento restrito a casos graves
No 11º DP (Santo Amaro), os policiais deixaram as portas encostadas para inibir a entrada da população; Promotoria vai apurar greve
DA REPORTAGEM LOCAL
A greve dos policiais civis de
São Paulo chegou ontem ao segundo dia e continua hoje, segundo entidades da categoria,
que estima a adesão em mais de
60% na capital e de 100%, no
interior. Já a gestão José Serra
(PSDB), que não faz um balanço da paralisação, decidiu ontem endurecer e ameaça punir,
até de forma criminal, quem
não prestar atendimento. As
negociações estão suspensas.
Ontem, a maior parte das delegacias registrava somente
ocorrências mais graves, como
casos de roubos, assassinatos e
seqüestros. Vítimas de ameaça
e furto, mesmo de carros, eram
orientadas a voltar para casa.
Casos de furto representam
grande parte das ocorrências
registradas pela Secretaria da
Segurança. No primeiro semestre deste ano, houve 312.166 casos de furto -31,4% dos
994.680 delitos do período.
A Folha percorreu 67 dos 93
DPs da capital entre anteontem e ontem -em 43, ou
64,1%, o atendimento estava
restrito aos casos considerados
mais graves. No interior, o
atendimento ficou comprometido até nas Ciretrans (órgãos
regionais de trânsito) e muita
gente não conseguiu tirar a carteira de habilitação.
Carros da polícia ficaram parados durante todo o dia no pátio da Delegacia Seccional de
Campinas -em algumas delegacias da cidade nem os telefones eram atendidos.
No 11º DP (Santo Amaro), os
policiais deixaram as portas
encostadas para, segundo admitiram, inibir a entrada da população. Nesse distrito, que registra cerca de 60 boletins de
ocorrência por dia, foram feitos
só oito desde o início da greve.
Além das ameaças de punição aos grevistas feitas ontem
pela gestão Serra, o Ministério
Público abriu inquérito para
investigar se os policiais estão
descumprindo decisão do TRT
(Tribunal Regional do Trabalho), que obriga os grevistas a
manter ao menos 80% do efetivo e também a continuidade da
prestação dos serviços.
Os policiais reivindicam reajuste de 15%, além de mais duas
parcelas de 12% em 2009 e em
2010. O governo deu em 2007
um pacote de benefícios às polícias Civil e Militar que custou
R$ 500 milhões e oferece o
mesmo valor para este ano.
Escalado para falar em nome
do governo, o secretário de
Gestão Pública, Sidney Beraldo, ameaçou com punições os
policiais que estiverem nos
DPs e se negarem a registrar
ocorrências. "Está lá presente e
não cumpriu a obrigação, a penalidade será disciplinar."
Em propaganda que começa
a ser veiculada hoje, a Secretaria da Segurança Pública diz
que "não vai permitir que movimentos sindicais da Polícia
Civil venham a colocar em risco a segurança da população".
O informe ressalta ainda que
os grevistas podem ser punidos. Eles poderão, por exemplo, ser acusados de prevaricação (prejudicar o serviço público em benefício pessoal), cuja
pena vai de três meses a um
ano de prisão, além do pagamento de multa.
(LUIS KAWAGUTI, JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, KLEBER TOMAZ,
ROGÉRIO PAGNAN E JULIANA COISSI)
Colaboraram a Agência Folha
e a Folha Ribeirão
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