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Registrar BO demora mais que achar carro
Mesmo após passar por duas delegacias, mulher não consegue registrar furto de automóvel, que acaba sendo encontrado
Em Ribeirão Preto, a greve atingiu a também a Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito), e motorista não conseguiu tirar habilitação
JULIANA COISSI
EM SÃO PAULO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Uma mulher que teve o carro
furtado ontem pela manhã precisou passar por duas delegacias na zona leste de São Paulo
sem que o registro do crime
fosse feito, por causa da greve
de policiais civis. Antes disso, o
veículo foi localizado pela PM.
Sete horas depois, e já na terceira delegacia, é que o veículo
chegou da perícia e o fato foi
oficialmente registrado.
O carro da supervisora de laboratório Melissa Ferreira de
Souza, 30, foi furtado às 10h, no
Parque São Gabriel.
Ela tentou prestar queixa no
55º DP (Parque São Gabriel),
mas não foi atendida por conta
da greve. Buscou então o 69º
DP (Teotônio Vilela), quando
soube, às 12h, que o veículo havia sido localizado por PMs em
Cidade Tiradentes.
Os policiais do DP, segundo
ela, não quiseram registrar a
ocorrência porque o carro foi
localizado em outra área. "Acho
justo reivindicarem melhores
condições, mas deviam registrar os casos mais urgentes. E o
meu é, mas não para eles."
Às 15h, chegou ao 54º DP (Cidade Tiradentes). Somente às
17h20, o carro foi liberado pela
perícia ao DP e registrados dois
boletins de ocorrência -de furto e de localização. Ela só chegou em casa às 20h.
Já o pedreiro Francisco de
Assis Vaz, 46, nem teve tempo
de explicar seu caso aos policiais do 54º DP, que também
aderiram à greve. Os policiais
que o atenderam pensaram tratar-se de uma queixa de furto.
Mas, ao ser questionado pela
Folha ao deixar o DP, o pedreiro disse que foi rendido por cinco homens, armados, que levaram uma máquina de quebrar
piso, no valor de R$ 7.000, da
escola em que ele trabalha.
"Disse que levaram a máquina e eles me mandaram voltar
depois." Casos de roubo são
considerados graves pela polícia e, por isso, a orientação é de
que devem ser registrados.
A greve causou transtornos
também no interior. Em Ribeirão Preto, a greve atingiu até o
atendimento na Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito). A recepcionista Ludmila de
Lima, 24, já não havia sido
atendida anteontem.
"Quero dar entrada para tirar
carta de moto, para procurar
um emprego melhor, mas perdi
a viagem." Na capital, o Detran
(Departamento Estadual de
Trânsito) não aderiu à greve.
No 1º DP de Ribeirão, a empregada doméstica Nilda Silva,
48, tentou registrar queixa contra sua advogada que ficou com
o dinheiro do acordo feito entre
ela e os ex-patrões. Não conseguiu. "Estou desesperada para
resolver isso e não consigo."
A dentista Heloísa Helena
Carignani, 45, que teve seus documentos furtados, concorda:
"Acho que antes de reivindicar
melhores condições de trabalho e salário, os policiais precisavam desempenhar melhor
sua função. Toda vez que precisamos de um policial, antes de
ele ouvir o que você tem para
falar, te olha de cima a baixo."
Colaborou a Folha Ribeirão
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