São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2008

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PF apreende 300 t de contrabando em Guarulhos

As mercadorias foram capturadas em colaboração com a Receita Federal e são avaliadas em R$ 5 milhões

Destino dos produtos era a rua 25 de Março, no centro; a carga chegava ao país pelo porto de Santos e seguia para Guarulhos

BRUNO RIBEIRO
DO "AGORA"

Cerca de 300 toneladas de produtos contrabandeados, avaliados em R$ 5 milhões, foram apreendidos anteontem pela Polícia Federal e pela Receita Federal em um depósito em Guarulhos, na Grande São Paulo. Um homem, identificado pela polícia apenas como J.N., foi preso em flagrante e é o dono da mercadoria, de acordo com a PF.
A polícia não justificou por que não divulgou o nome completo do homem e afirmou que ele é conhecido pelas iniciais.
J.N. é um dos principais contrabandistas do Estado, segundo a polícia, e abastecia principalmente a região da rua 25 de Março, no centro de São Paulo.
O contrabando ocorria por vias legais: a carga chegava ao Brasil pelo porto de Santos e seguia para Guarulhos de caminhão. A fraude estava na emissão das notas. Para driblar os impostos, eram declarados nas guias de importação pesos inferiores do que realmente havia nos contêineres, o que gerava notas fiscais mais baratas.
"A diferença entre o peso na nota e o que realmente era importado chegava a 60%", diz o delegado José Alberto Iegas, da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal. Ainda não há estimativa do valor sonegado.
A carga é composta de enfeites de Natal e brinquedos -que tinham selos de qualidade do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), cuja suspeita é de que sejam falsos.

"Canal verde"
O delegado da Receita Federal Fábio Eduardo Boschi afirmou que o contrabando era fiscalizado no porto por amostragem, por isso a possibilidade de entrar no país sonegando impostos.
Boschi descarta a participação de fiscais da aduana no desvio de impostos, mas não soube explicar como J.N. sempre caía no "canal verde" da fiscalização, que isenta a contagem física dos produtos.
A mercadoria ficou apreendida pela Receita Federal, que ainda vai avaliar o destino dos produtos. Eles podem ser destruídos, doados a instituições de caridade ou leiloados, no caso de não fazerem mal à saúde das crianças.

Compradores
Pelo tipo de mercadoria, os delegados acreditam que as caixas iriam abastecer lojistas e camelôs para as vendas do Dia da Criança e do Natal. "É tudo muito recente. Mas vamos analisar a documentação apreendida para chegar até os compradores desses produtos", disse o delegado Iegas, da PF.
Outras duas pessoas, sócias de J.N., também foram indiciadas. O contrabandista está preso na sede da Polícia Federal, na Lapa (zona oeste), mas pode sair caso a Justiça estipule fiança, segundo o delegado Iegas. Outras seis pessoas, que trabalhavam no depósito no momento do flagrante, prestaram depoimento e foram liberadas.


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