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Brasil produz genérico de remédio para Aids
Fiocruz conseguiu desenvolver genérico do Efavirenz, medicamento importado mais usado no programa brasileiro
Expectativa do Ministério da Saúde é que ele esteja disponível até o fim de junho de 2009, reduzindo a dependência de importações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, anunciou
ontem que a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio,
conseguiu desenvolver o genérico do Efavirenz, o medicamento importado mais usado
no programa brasileiro de Aids.
Com isso, foi dado o primeiro
passo para a produção do anti-retroviral no Brasil, que poderá
deixar de importá-lo da Índia.
A expectativa do ministério é
que ele esteja disponível até o
fim de junho de 2009.
"Pela primeira vez, o Brasil
consegue desenvolver o princípio ativo de um medicamento,
que era protegido por patente,
por empresas nacionais", disse.
Segundo dados do ministério, dos 200 mil brasileiros que
vivem com Aids hoje no país, 80
mil usam o Efavirenz, fornecido gratuitamente pelo Programa DST/Aids do ministério.
Por ano, são consumidos 30 mil
comprimidos.
A Fiocruz deu início ao processo e solicitou à Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o pedido de registro do genérico do Efavirenz. A
agência tem até 90 dias para
aprovar ou não o medicamento, mas, segundo Temporão, a
avaliação será uma prioridade.
A produção do anti-retroviral no país não deverá trazer redução de custo, segundo o ministro, mas vai diminuir a dependência do Brasil na importação de anti-retrovirais. "Não
acaba, mas reduz", afirmou.
Hoje, o país compra da Índia
o genérico do Efavirenz -o
comprimido sai por US$ 0,45.
Antes de importar o medicamento indiano, o Brasil comprava o comprimido por US$
1,59 do laboratório Merck
Sharp & Dohme.
Após negociar sem sucesso
com a empresa norte-americana, o governo brasileiro decidiu, em abril do ano passado,
autorizar o licenciamento compulsório, uma espécie de quebra de patente (veja quadro
nesta página).
Ontem, a Merck Sharp &
Dohme parabenizou "o sucesso
da Fiocruz" em produzir a versão genérica do Efavirenz, mas
declarou considerar que a negociação "é sempre o melhor
caminho para se atingir o objetivo de dar acesso ao tratamento a todos os pacientes".
Produção
Quando for iniciada a produção de Efavirenz, o Brasil terá o
controle sobre oito medicamentos do coquetel anti-Aids.
Outros nove produtos são importados -o coquetel é formado por 17 medicamentos, que,
combinados, impedem a reprodução do HIV no sangue.
O genérico do Efavirenz obedece os princípios de bioequivalência e biodisponibilidade
-ou seja, tem o mesmo efeito
no organismo que o produzido
pelo da marca original.
A formulação do genérico foi
alcança pelo laboratório Farmanguinhos, da Fiocruz . O Lafepe (Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco)
também tenta desenvolver o
medicamento, paralelamente.
As pesquisas continuarão, segundo o ministério.
O Farmanguinhos estabeleceu parceria com as empresas
privadas Globequímica (SP),
Cristália (SP) e Nortec (RJ) para a produção do Efavirenz.
O diretor da Farmanguinhos,
Eduardo Costa, disse ontem
que o laboratório vai começar a
pesquisa para fabricar no país o
princípio ativo do Tenofovir,
outra substância anti-Aids que
integra o coquetel.
""Vamos agora desenvolver
outros medicamentos. A nossa
intenção é tornar o país auto-suficiente em remédios usados
nos coquetéis."
O trabalho para desenvolver
o Efavirenz demorou cerca de
um ano. A primeira tentativa
não deu certo por falha no estudo de bioequivalência do medicamento, quando se estudam
os efeitos sobre um grupo de
pacientes.
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