São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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VIOLÊNCIA
Média mensal é menor que a do ano passado e pode romper a tendência de crescimento desse tipo de crime
SP registra 1 sequestro por mês em 1998

FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local

Com o caso de Girsz Aronson, o Estado de São Paulo atingiu a média de um sequestro com pedido de resgate por mês. Até agora, a Secretaria da Segurança Pública registrou nove ocorrências em 1998 -incluído o caso do dono das lojas G. Aronson.
Se esses crimes continuarem ocorrendo na mesma proporção até o final do ano, haverá uma quebra no crescimento dos sequestros verificado desde 1994 (veja quadro nesta página) -seriam 12 sequestros, contra 17 no ano passado.
Pelas estatísticas do governo estadual, há uma redução do número de casos solucionados em São Paulo, nos últimos 12 anos.
Entre 1987 e 1989, todos os sequestros praticados no Estado foram esclarecidos pela polícia. Entre 1990 e 1993, a grande maioria dos crimes foram solucionados.
A partir de 1994, as estatísticas mostram uma acentuada queda no resultado das investigações.
Em 1997, os investigadores desvendaram 14 dos 17 crimes. E neste ano, até agora, a polícia só solucionou cinco dos nove sequestros -pouco mais da metade.
O delegado titular da delegacia anti-sequestro de São Paulo, Maurício Guimarães Soares, foi procurado pela reportagem, na tarde de ontem, para comentar os dados, mas não respondeu aos telefonemas da Folha até o fechamento desta edição.

Rio e SP
Segundo Cristina Tessari da Silva, investigadora da delegacia anti-sequestro da Polícia Civil, o número de sequestros em São Paulo é muito menor que no Rio de Janeiro, e há muitas diferenças entre os crimes nas duas cidades.
No Rio, o trabalho da polícia é facilitado pelas informações dadas pela população. "Há muita gente que delata os criminosos, principalmente nos morros do Rio. E lá os sequestros estão ligados, muitas vezes, ao tráfico de drogas", diz. Em São Paulo, a polícia não teria auxílio de delatores, apesar de ter mais tempo para investigar. "Vigora a lei do silêncio."
Outra característica do crime praticado em São Paulo é a motivação. "Aqui, os bandidos sequestram por dinheiro. Não é ação do crime organizado, como no Rio", afirma a investigadora.



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