São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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VIOLÊNCIA
Cantor diz em entrevista no 95º DP não ter assaltado PM, que o estaria acusando apenas para "aparecer"
Ex-Polegar se 'produz' e nega ser bandido

RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local

Visivelmente nervoso, o cantor Rafael Ilha Alves Pereira, 25, ex-integrante do grupo musical Polegar, confessou ontem o roubo de R$ 1,00 e de um vale-transporte, na segunda-feira, crime pelo qual foi preso em flagrante, em São Paulo. Disse que fez isso por ser viciado em drogas.
Foi a primeira vez que Rafael mostrou seu rosto à imprensa, desde sua prisão. A entrevista, concedida no 95º DP (Heliópolis), foi acompanhada por 58 pessoas, entre repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Orientado pelo advogado Marlon Wander Machado, que ficou o tempo todo a seu lado, Rafael não respondeu a perguntas, apenas deu um depoimento.

Outro crime
"Estou aqui por ter cometido o delito, o erro de, no desespero, na ânsia de suprir a minha dependência, o meu vício, ter roubado R$ 1,00 e um passe de ônibus."
O cantor, porém, negou ter cometido o outro crime de que foi acusado anteontem. O PM Carlos Calazans Pedreira o reconheceu como sendo a pessoa que o assaltou, levando R$ 6.000 e um revólver, em 3 de setembro, na saída de uma agência bancária.
Segundo o músico, a acusação é uma tentativa de tirar proveito de sua prisão.
"Daqui para frente vão aparecer outros e outros fatos. Eu não duvido. Daqui para frente, eu vou ser o maior bandido do Brasil. E estou aqui para afirmar que esse fato é mentiroso, é mais uma pessoa querendo aparecer nesse buchicho."
Sobre essas declarações, o advogado do cantor disse que o policial pode ter se enganado, mas não divulgou que argumentos tem para defender o cantor do reconhecimento formal.
"Acho que o PM foi assaltado, sim, mas não pelo Rafael. O reconhecimento de uma pessoa pública como o Rafael não tem tanto peso. Qualquer um poderia reconhecê-lo hoje."
Machado disse que deve pedir à Justiça novamente, hoje, a liberdade provisória de Rafael.

Cabelo curto
O cantor foi "produzido" especialmente para a entrevista. Em vez das roupas velhas e dos chinelos com que apareceu outras vezes, em conversas informais com repórteres, usava calça e camisa sociais, de cor azul, e sapatos.
O cabelo desgrenhado e a barba por fazer foram aparados, e Rafael estava penteado. Voltou a lembrar o garoto que tocou no grupo musical, há sete anos.



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