São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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Colunista obriga leitor a engolir Clinton

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha

Meu instinto suicida me impede de agir de outra forma. Às quartas e sextas, quando esta coluna vai ao ar, a caixa-postal eletrônica desta humilde datilógrafa amanhece entupida de comentários de leitores. Não importa qual o assunto abordado.
Mas, bastou eu escrever sobre algum tópico não relativo ao Brasil, como, por exemplo, o caso Monica Lewinsky, para o cliente sumir do mapa.
O tapuia só se interessa por aquilo que está ao alcance de suas patinhas. Vide o exemplo das "cem mulheres mais sexy do mundo", escolhidas recentemente pelo leitor da revista "Exame Vip": 63 eleitas são brazucas, sendo 24 paulistas.
Pois que se dane o cabresto verde-amarelo usado pela maioria. Quem assina esta coluna sou eu e, pronto, acabou, está decidido: hoje, o leitor vai ter de engolir o Clinton de novo -modo de falar, é claro.
O contribuinte norte-americano está fazendo um escarcéu só porque o presidente Clinton manteve relações sexuais dentro do Salão Oral, digo, Oval.
O argumento é o seguinte: se ele fosse o presidente de uma companhia qualquer já teria perdido o emprego, uma vez que seduziu uma subordinada durante o expediente e nas dependências da empresa.
Ora, ora. Como se fosse possível o presidente dos Estados Unidos dar uma escapadinha para algum Astúrias da vida sem que meio mundo tomasse conhecimento.
E o caso Whitewater? Alguém tem ouvido falar? Eu também não. Anda mais sumido do que o Ciro Gomes.
Diante da riqueza dos detalhes fornecidos, em troca de imunidade, por Monica Lewinsky, ninguém dá mais a mínima para o caso que originou a encrenca toda.
O que interessa agora é saber se o Congresso vai mesmo liberar para exibição pública o vídeo com o depoimento de Clinton ao grande júri. Escorre sangue pelos cantos da boca das TVs americanas só de pensar nos índices de audiência.
Esse coitado desse Clinton só pode ser a reencarnação do Goebbels. É a única explicação plausível para o pato que ele está tendo de pagar nesta vida.
E Ken Starr, o promotor da verba e do poder ilimitados, que é capaz de intimar até padre e psiquiatra a depor, só pode ser uma das bruxas de Salem, que voltou do além para se vingar do sistema que a condenou injustamente.

QUALQUER NOTA

Hora certa
Bem que os analistas já previam que o tombo de Francisco Rossi (PDT) nas pesquisas iria coincidir com o afastamento de Néfi Tales, também do PDT, da prefeitura de Guarulhos. Ou será que alguém ainda acha que a demora em espirrar um Tales de lama até o pescoço tenha sido motivada por entraves burocráticos?

Foi Maluf que fez?
Alô, Duda Mendonça! Sorte sua que os nomes do pai e da mãe de Celso Pitta estão devidamente registrados na Certidão de Nascimento do venerável prefeito, né não? E viva o fura-fila!

Butantan revisitado
Um Tom Hanks acima de qualquer suspeita ganhou uma coluna (no jornal norte-americano "New York Daily Mail") e eu passei a me ver menos peçonhenta.

E-mailbarbara@uol.com.br



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