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VIOLÊNCIA
A 66ª chacina teria ocorrido porque, após comprar carro sem saber que era roubado, eles cobravam os documentos
Três irmãos chamados José são mortos
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
Três irmãos chamados José, que
trabalhavam em um bar no Jardim
Clímax (zona sudeste de São Paulo), foram mortos a tiros às 23h50
de anteontem na 66ª chacina do
ano na Grande São Paulo.
José Roberto, José Aurélio e José
Anibal Lopes da Silva, de 36, 27 e
20 anos respectivamente, foram
mortos por um bando de aproximadamente 12 homens armados e
encapuzados.
Segundo uma testemunha, o crime aconteceu dez minutos depois
de o bar, que pertencia a José Aurélio, ter sido invadido por cinco
homens, um deles armado.
A testemunha afirmou que um
dos desconhecidos disse: "Vocês
estão muito folgados e isso não vai
ficar assim".
Antes de ir embora, o desconhecido ainda teria gritado: "O bicho
vai pegar."
Dez minutos depois, testemunhas ouviram dezenas de disparos
vindos do interior do bar. A PM foi
até o local, próximo das obras de
um conjunto do Cingapura, e socorreu as vítimas.
José Roberto e José Aurélio morreram a caminho do PS do Sesi. José Anibal foi transferido para ser
operado no Hospital Benedito
Monte Negro, em Sapopemba (zona sudeste de SP), onde acabou
morrendo.
Segundo policiais do 83º DP
(Parque Bristol), onde foi registrada a chacina, um dos suspeitos de
ter cometido o crime se chamaria
Vando e teria vendido um Passat
roubado para os irmãos José.
Sem saber que o veículo era produto de roubo, os irmãos exigiram
a documentação do Passat para
Vando, que passou a ameaçá-los.
O caso passou ontem a ser investigado por policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que tem uma delegacia especializada na investigação de chacinas.
De acordo com o boletim de
ocorrência, as testemunhas não
têm condições de reconhecer os
assassinos, que fugiram em um
carro de modelo e placas não anotadas.
Ao todo, 229 pessoas já morreram em chacinas nos primeiros
nove meses deste ano, 41,4% a
mais que as 162 vítimas de todo o
ano passado.
Até a noite de anteontem, os Lopes da Silva eram dez irmãos -sete Josés e três Marias. Ontem, cinco deles, que sobreviveram à chacina e vivem em São Paulo, queriam transladar os corpos de José
Roberto, José Aurélio e José Anibal para Nazaré do Piauí, onde
nasceram todos.
Os pais dos assassinados, ambos
lavradores, vivem na cidade.
Ontem à tarde, os corpos dos
três irmãos já estavam à disposição dos familiares no IML Sul, no
Brooklin, mas seus parentes só
pretendiam retirá-los caso conseguissem a transferência.
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