São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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Família quer levar corpos ao PI

da Reportagem Local

Até a noite de anteontem, os Lopes da Silva eram dez irmãos -sete Josés e três Marias. Ontem, cinco deles, que sobreviveram à chacina e vivem em São Paulo, queriam transladar os corpos de José Roberto, José Aurélio e José Anibal para Nazaré do Piauí, onde nasceram todos.
Nesta cidade do Piauí vivem os lavradores Eloi Lopes da Silva e Maria das Neves Silva, pais dos irmãos assassinados, e seus filhos mais novos -Raimundo José e Maria da Guia.
Os demais tentavam a sorte em São Paulo, vivendo em contêineres onde moram ex-favelados à espera da conclusão do Cingapura do Jardim Clímax, na rua Amália, a mesma onde José Aurélio montou o bar há cerca de um ano.
Segundo Rosana Maria Lopes da Silva, 25, seus pais são doentes e "morreriam de desgosto" ao saber que os filhos foram mortos sem que pudessem vê-los.
"Se não conseguirmos levar os corpos para Nazaré, minha mãe e meu pai não vão aguentar. Eles morrem. É muito forte um choque desses", disse Rosana Maria.
Ontem à tarde, os corpos dos três irmãos já estavam à disposição dos familiares no IML Sul, no Brooklin, mas seus parentes só pretendiam retirá-los caso conseguissem a transferência.
José Edson Lopes da Silva, 24, um dos irmãos dos mortos, estava tentando doação para pagar os gastos com o embalsamento e o translado dos corpos, que só poderá ser feito de avião. (MO)


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