São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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PF admite falta debexperiência 'com fato novo'

da Agência Folha, em Ivaiporã

A Polícia Federal está sem rumo nas investigações para se chegar aos responsáveis pelos atentados a bomba em torres de transmissão de Furnas no Paraná.
O delegado Marco Antônio Ribeiro Coura, 30, designado para acompanhar a equipe de peritos que retirou uma bomba da torre de transmissão em Pitanga (PR), admitiu ontem falta de experiência da PF "para tratar com um fato novo, como as explosões".
Coura não soube explicar, no entanto, as razões de a PF estar cometendo erros primários.
Ele alegou falta de pessoal para os trabalhos de investigação junto a moradores de cidades próximas aos atentados, ou aos produtores rurais proprietários de áreas com torres de transmissão na região.
Luís Neuzer, delegado regional, no entanto, afirmava ter uma "grande equipe na área".
Desde domingo na região, a Agência Folha só apurou a existência dos dois agentes da equipe de apoio aos peritos.
"Temos uma equipe muito pequena com relação a explosivos. E só dois agentes de apoio aos peritos ficaram na região", afirmou Coura, contradizendo informação de Neuzer.
Os dois agentes de apoio aos peritos passaram a maior parte do tempo, desde domingo, em Novas Tebas. Estavam hospedados em Manoel Ribas e passavam pelo menos quatro vezes por dia em frente à propriedade de Adelino Roecker (a 10 km de Ivaiporã), que fica entre as duas cidades.
A torre onde estava a bomba fica a 300 metros da casa da família e a menos de 200 metros da rodovia em que transitavam os federais.
Mais um agravante: a posição geográfica do local era idêntica ao do local de explosão de domingo, privilegiando um fácil acesso para entrar, instalar a bomba e sair do local. "Eles talvez não tenham desconfiado disso, mas tudo é em consequência de ser um fato novo. Nos EUA existem equipes enormes para isso", disse Coura.
Mas não foram cometidos erros só nas investigações básicas. Anteontem, no Paraná, o delegado regional Luís Neuzer afirmava que uma camionete, encontrada abandonada próximo ao local da explosão, estava descartada como pista. Em Brasília, ela era usada pelo Ministério da Justiça como uma das principais pistas da PF.
A camionete - furtada em Araruna (noroeste do PR)- foi encontrada através de investigações da Polícia Militar de Nova Tebas. O autor do furto, inclusive, está preso desde o dia 2 de setembro.
Na última quarta-feira, a direção de Furnas no Paraná confirmou ter recebido uma ameaça anônima de mais 12 bombas entre as cidades de São Miguel do Iguaçu e Foz do Iguaçu. A PF, no entanto, negava a ameaça.
O telefonema anônimo aconteceu na tarde de terça-feira. Ao saber que a notícia havia sido confirmada através de Furnas, o diretor substituto da Divisão da PF em Foz, o delegado Eudes Carneiro, se irritou. "Eles (Furnas) que falem sobre as investigações, já que atrapalharam tudo." (JM)



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