São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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Maratona começa de madrugada

da Reportagem Local

Ana Lúcia Moreira acordou ontem às 3h30. Pegou sua filha Tatiane, 1, ainda dormindo e com tosse forte. Com a criança no colo, se dirigiu a um posto de gasolina perto de sua casa, na Praia Grande, onde ficou esperando um carro da prefeitura para vir a São Paulo.
Essa foi praticamente a mesma rotina de Paula Araújo, 23, com sua filha Alana, 2, e de Simone da Conceição, 29, com a filha Juliane, 8, que vieram de Taubaté e Mairinque. Todas esperaram mais de 10 meses para fazer o teste para conseguir pensão.
A única que estava acompanhada do suposto pai era Paula. "Tivemos uma história há dois anos, mas quero ter certeza de que sou o pai. Aí sim, faremos um acordo", afirma Fabrício Martins Filho, 21.
Paula torce para isso. Ela também quer que ele cuide da menina de vez em quando. "Quero ser comissária de bordo e vou precisar de gente para cuidar dela."
Ana Lúcia não quer atenção do pai, mas o dinheiro da pensão. "Eu me viro sozinha e preciso de ajuda." O suposto pai, que já tem quatro filhos adultos, se negou a registrar a criança, diz Ana Lúcia.
Simone já ganha pensão de R$ 36 para a filha mais nova, Elen, 5. Mas para Juliane ainda não ganha nada. "Ele diz que não é filha dele e ainda teve outro filho comigo. Dá para acreditar?" O casal está separado há cinco anos. Simone precisa de pensão -está desempregada- e estava animada com o teste. Mas o resultado foi outro. "Viagem perdida", disse.



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