São Paulo, domingo, 18 de outubro de 2009

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Tráfico derruba helicóptero da PM; 2 morrem

Aeronave foi atingida na parte traseira ao sobrevoar dois morros na zona norte durante um confronto entre traficantes rivais

Três PMs sobreviveram, entre eles o piloto do helicóptero, baleado; em outra ação na mesma região, traficantes incendiaram dez ônibus

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DO RIO

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Dois policiais militares morreram ontem em um helicóptero que se incendiou após ser atingido por tiros disparados do morro de São João, no Engenho Novo, zona norte do Rio.
Os outros três policiais que estavam a bordo conseguiram escapar, mas sofreram queimaduras. Um deles foi baleado.
Da frota da Polícia Militar, o helicóptero sobrevoava os vizinhos morros de São João e dos Macacos (Vila Isabel), onde de madrugada houve intenso tiroteio entre traficantes rivais.
Segundo testemunhas, o helicóptero foi atingido na traseira, possivelmente na hélice, o que deu início ao fogo. Baleado, com pouco controle sobre o aparelho, o piloto ainda fez um pouso emergencial em um campo de futebol, na Vila Olímpica do Sampaio junto ao túnel Noel Rosa, perto das favelas.
No solo, o helicóptero foi destruído pelas chamas. Não se sabe a razão de os dois PMs não terem conseguido escapar como os colegas. É possível que tenham sido baleados ainda no voo. Até a conclusão desta edição seus nomes e patentes não haviam sido divulgados.
Ao menos mais três homens morreram nos confrontos da madrugada. Os corpos -não identificados- foram achados em um carro abandonado.
Moradores do Macacos contaram que por volta de 1h traficantes do São João tentaram invadir a favela. Foram rechaçados e voltaram para o morro, de onde iniciaram um confronto com tiros de fuzil à distância.
PMs chegaram ao pé do morro às 3h, mas não o invadiram sob a alegação de que não tinham ordem para isso. Na tentativa de escapar dos tiros e granadas, muitos moradores desceram a favela e seguiram até uma delegacia, para pedir ajuda. Interditaram a rua da delegacia, e incendiaram pneus em protesto.
Os morros de São João e dos Macacos foram invadidos pela PM às 7h. Quatro batalhões participaram da ação, além do Bope (Operações Especiais). Os tiros continuaram até as 10h. Quando pararam, começaram os incêndios. Traficantes do São João comandaram, diz a PM, grupos que queimaram ao menos cinco ônibus e um carro.
O motorista Fábio Santos disse que foi ameaçado pelos incendiários, que portavam galões de combustível. "Colocaram um fuzil na minha cabeça e mandaram todo mundo descer, mas foram jogando álcool antes de os passageiros saírem."
À tarde, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, se reuniu com comandantes da PM. Foi anunciado que a corporação estava em prontidão.
Dominado pela facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos), o morro de São Carlos foi cercado pela PM, a fim de evitar que seus traficantes sigam para o Macacos, a fim de auxiliar os colegas ameaçados de invasão. O Macacos é o principal reduto da ADA na região e é cobiçado por facções inimigas, especialmente o Comando Vermelho.


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