|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tráfico derruba helicóptero da PM; 2 morrem
Aeronave foi atingida na parte traseira ao sobrevoar dois morros na zona norte durante um confronto entre traficantes rivais
Três PMs sobreviveram, entre
eles o piloto do helicóptero,
baleado; em outra ação na
mesma região, traficantes
incendiaram dez ônibus
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DO RIO
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Dois policiais militares morreram ontem em um helicóptero que se incendiou após ser
atingido por tiros disparados
do morro de São João, no Engenho Novo, zona norte do Rio.
Os outros três policiais que
estavam a bordo conseguiram
escapar, mas sofreram queimaduras. Um deles foi baleado.
Da frota da Polícia Militar, o
helicóptero sobrevoava os vizinhos morros de São João e dos
Macacos (Vila Isabel), onde de
madrugada houve intenso tiroteio entre traficantes rivais.
Segundo testemunhas, o helicóptero foi atingido na traseira, possivelmente na hélice, o
que deu início ao fogo. Baleado,
com pouco controle sobre o
aparelho, o piloto ainda fez um
pouso emergencial em um
campo de futebol, na Vila Olímpica do Sampaio junto ao túnel
Noel Rosa, perto das favelas.
No solo, o helicóptero foi
destruído pelas chamas. Não se
sabe a razão de os dois PMs não
terem conseguido escapar como os colegas. É possível que
tenham sido baleados ainda no
voo. Até a conclusão desta edição seus nomes e patentes não
haviam sido divulgados.
Ao menos mais três homens
morreram nos confrontos da
madrugada. Os corpos -não
identificados- foram achados
em um carro abandonado.
Moradores do Macacos contaram que por volta de 1h traficantes do São João tentaram
invadir a favela. Foram rechaçados e voltaram para o morro,
de onde iniciaram um confronto com tiros de fuzil à distância.
PMs chegaram ao pé do morro às 3h, mas não o invadiram
sob a alegação de que não tinham ordem para isso. Na tentativa de escapar dos tiros e
granadas, muitos moradores
desceram a favela e seguiram
até uma delegacia, para pedir
ajuda. Interditaram a rua da
delegacia, e incendiaram pneus
em protesto.
Os morros de São João e dos
Macacos foram invadidos pela
PM às 7h. Quatro batalhões
participaram da ação, além do
Bope (Operações Especiais). Os
tiros continuaram até as 10h.
Quando pararam, começaram
os incêndios. Traficantes do
São João comandaram, diz a
PM, grupos que queimaram ao
menos cinco ônibus e um carro.
O motorista Fábio Santos
disse que foi ameaçado pelos
incendiários, que portavam galões de combustível. "Colocaram um fuzil na minha cabeça e
mandaram todo mundo descer,
mas foram jogando álcool antes
de os passageiros saírem."
À tarde, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame,
se reuniu com comandantes da
PM. Foi anunciado que a corporação estava em prontidão.
Dominado pela facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos),
o morro de São Carlos foi cercado pela PM, a fim de evitar que
seus traficantes sigam para o
Macacos, a fim de auxiliar os
colegas ameaçados de invasão.
O Macacos é o principal reduto
da ADA na região e é cobiçado
por facções inimigas, especialmente o Comando Vermelho.
Texto Anterior: Gilberto Dimenstein: De volta para o futuro Próximo Texto: Secretaria sabia de invasão, mas não conseguiu impedi-la Índice
|