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SEGURANÇA
Investigação aponta que líderes de quadrilhas que agem em SP migraram dos assaltos a bancos e seqüestros
Polícia diz ter nomes de ladrões de prédios
ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil de São Paulo
identificou cinco homens suspeitos de liderar as quadrilhas que
vêm assaltando condomínios de
luxo em São Paulo e em Estados
próximos nos últimos três meses.
A identidade dos suspeitos não
foi divulgada. Todos são foragidos da Justiça e, no passado, atuaram em assaltos a bancos e seqüestros. A mudança de foco da
ação criminosa desses grupos se
deve à maior facilidade encontrada pelas quadrilhas para invadir
condomínios, mais vulneráveis
que agências bancárias, segundo
o Deic (Departamento de Investigação Sobre o Crime Organizado), unidade de elite da Polícia Civil paulista.
Desde o último dia 3, quatro
condomínios foram roubados em
São Paulo. Outro caso ocorreu anteontem em Santos, no litoral.
Em quatro deles, as quadrilhas
fizeram arrastões nos condomínios: entraram no prédio, assaltaram vários apartamentos e fizeram os moradores reféns.
As ações tem características de
"profissionalismo", diz a polícia:
os grupos demonstram ter planejado o assalto, usam radiocomunicadores e, mesmo armados,
abandonam o local sem atirar,
deixando de alertar vizinhos.
O diretor do Deic, delegado Godofredo Bittencourt, disse à Folha
que os cinco suspeitos são considerados mentores das quadrilhas.
"Eles montam a quadrilha chamando outros bandidos, "os soldados", para fazer o assalto. As
quadrilhas também interagem,
ou seja, o bandido de uma faz um
roubo com a outra", afirmou.
Segundo indicariam as investigações, os cinco criminosos também são suspeitos de assaltos em
condomínios de luxo em cidades
de outros Estados, como Belo Horizonte (MG).
Desde agosto, a Folha noticiou
dez roubos a condomínios de luxo. Foram sete em São Paulo, dois
na Bahia e um em Minas Gerais.
Para Bittencourt, os condomínios precisam investir na qualificação dos seus funcionários.
"O que vemos hoje é um grande
investimento em tecnologia, mas
também é necessário ter pessoas
mais preparadas para operar esses equipamentos."
Em São Paulo, os condomínios
chegam a pagar, em média, R$ 10
mil em equipamentos de segurança. Mas o gasto pode chegar a
até R$ 200 mil.
O delegado disse que o medo
dos moradores de se expor é o
principal obstáculo da polícia para identificar os criminosos.
"Precisamos da colaboração
dos moradores. Estamos com dificuldades para elaborar retratos
falados. As pessoas precisam falar
com a polícia, mesmo que seja de
forma anônima", diz.
De bancos para prédios
O gerente de produto da Siemens -empresa de segurança
que cuida de 3.000 condomínios
no país-, Guilherme Otero,
acredita que houve uma migração
da criminalidade para os condomínios de alto padrão.
"Há alguns anos, assaltavam
muitos bancos. Houve um grande
investimento em segurança, além
dos cartões bancários e as transferências eletrônicas. Também diminuímos o número de carros-fortes e aumentamos a segurança
desses veículos. Os criminosos viram que não era mais um negócio
atrativo. Hoje, o atrativo é assaltar
imóveis", relatou.
"Quando assaltam uma residência, eles obtêm um determinado valor. Quando assaltam um
prédio, conseguem um valor
maior. Então o prédio passou a
ser atrativo. Quando o assalto
acontece, e é sempre com o uso de
armas, o sistema de segurança, o
muro, a grade e o arame farpado
deixam de ter valor."
Para Otero, no momento em
que ocorre o ataque da quadrilha,
o que conta é a preparação dos
funcionários para lidar com a situação e um bom sistema de comunicação para informar à central de monitoramento que está
ocorrendo um problema.
Segundo o gerente, muitas pessoas responsáveis pelo controle
dos equipamentos de seguranças
dos prédios são despreparadas.
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