São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2004

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SEGURANÇA

Investigação aponta que líderes de quadrilhas que agem em SP migraram dos assaltos a bancos e seqüestros

Polícia diz ter nomes de ladrões de prédios

ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Paulo identificou cinco homens suspeitos de liderar as quadrilhas que vêm assaltando condomínios de luxo em São Paulo e em Estados próximos nos últimos três meses.
A identidade dos suspeitos não foi divulgada. Todos são foragidos da Justiça e, no passado, atuaram em assaltos a bancos e seqüestros. A mudança de foco da ação criminosa desses grupos se deve à maior facilidade encontrada pelas quadrilhas para invadir condomínios, mais vulneráveis que agências bancárias, segundo o Deic (Departamento de Investigação Sobre o Crime Organizado), unidade de elite da Polícia Civil paulista.
Desde o último dia 3, quatro condomínios foram roubados em São Paulo. Outro caso ocorreu anteontem em Santos, no litoral.
Em quatro deles, as quadrilhas fizeram arrastões nos condomínios: entraram no prédio, assaltaram vários apartamentos e fizeram os moradores reféns.
As ações tem características de "profissionalismo", diz a polícia: os grupos demonstram ter planejado o assalto, usam radiocomunicadores e, mesmo armados, abandonam o local sem atirar, deixando de alertar vizinhos.
O diretor do Deic, delegado Godofredo Bittencourt, disse à Folha que os cinco suspeitos são considerados mentores das quadrilhas.
"Eles montam a quadrilha chamando outros bandidos, "os soldados", para fazer o assalto. As quadrilhas também interagem, ou seja, o bandido de uma faz um roubo com a outra", afirmou.
Segundo indicariam as investigações, os cinco criminosos também são suspeitos de assaltos em condomínios de luxo em cidades de outros Estados, como Belo Horizonte (MG).
Desde agosto, a Folha noticiou dez roubos a condomínios de luxo. Foram sete em São Paulo, dois na Bahia e um em Minas Gerais.
Para Bittencourt, os condomínios precisam investir na qualificação dos seus funcionários.
"O que vemos hoje é um grande investimento em tecnologia, mas também é necessário ter pessoas mais preparadas para operar esses equipamentos."
Em São Paulo, os condomínios chegam a pagar, em média, R$ 10 mil em equipamentos de segurança. Mas o gasto pode chegar a até R$ 200 mil.
O delegado disse que o medo dos moradores de se expor é o principal obstáculo da polícia para identificar os criminosos.
"Precisamos da colaboração dos moradores. Estamos com dificuldades para elaborar retratos falados. As pessoas precisam falar com a polícia, mesmo que seja de forma anônima", diz.

De bancos para prédios
O gerente de produto da Siemens -empresa de segurança que cuida de 3.000 condomínios no país-, Guilherme Otero, acredita que houve uma migração da criminalidade para os condomínios de alto padrão.
"Há alguns anos, assaltavam muitos bancos. Houve um grande investimento em segurança, além dos cartões bancários e as transferências eletrônicas. Também diminuímos o número de carros-fortes e aumentamos a segurança desses veículos. Os criminosos viram que não era mais um negócio atrativo. Hoje, o atrativo é assaltar imóveis", relatou.
"Quando assaltam uma residência, eles obtêm um determinado valor. Quando assaltam um prédio, conseguem um valor maior. Então o prédio passou a ser atrativo. Quando o assalto acontece, e é sempre com o uso de armas, o sistema de segurança, o muro, a grade e o arame farpado deixam de ter valor."
Para Otero, no momento em que ocorre o ataque da quadrilha, o que conta é a preparação dos funcionários para lidar com a situação e um bom sistema de comunicação para informar à central de monitoramento que está ocorrendo um problema.
Segundo o gerente, muitas pessoas responsáveis pelo controle dos equipamentos de seguranças dos prédios são despreparadas.


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