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VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Produção de medicamentos injetáveis continua suspensa
Farmácia é interditada por 16 dias
MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas denúncias de irregularidade motivaram a interdição total
de uma farmácia de manipulação
em São Paulo por 16 dias. Parte da
produção de medicamentos foi liberada anteontem, mas permanece suspensa a manufatura de drogas injetáveis.
Os dois casos foram registrados
no Centro de Vigilância Sanitária
da Secretaria Municipal da Saúde
de São Paulo contra a mesma farmácia, a Galenica, localizada avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona sul da capital.
De acordo com gerente da Vigilância Sanitária, Valdemar Azevedo, o processo de irregularidades
na Galenica teve várias fases, com
diversas interdições parciais. A
farmácia ficou com as portas fechadas entre 27 de outubro e 11 de
novembro.
"Avaliamos o gerenciamento
técnico da farmácia e constatamos que realmente estava débil.
Ainda não consideramos que foram cumpridos todos os quesitos
necessários, por isso os injetáveis
continuam interditados", disse.
Em um dos casos denunciados,
uma senhora levou para manipular uma receita de um antidepressivo e descobriu, depois de desmaiar ao volante, que a farmácia
havia entregue uma outra substância antidepressiva, de nome
parecido com a indicada pelo médico, em uma dosagem 75 mg acima do recomendado.
Outra consumidora encomendou a elaboração de um remédio
para vitiligo (doença de pele). Depois de um mês, sentiu-se mal e
descobriu que estava tomando,
na verdade, um medicamento para leucemia (um tipo de câncer).
A Galenica está no mercado
desde 1977 e possui três lojas em
São Paulo e quatro no Rio de Janeiro. As outras duas lojas da capital paulista ficaram fechadas
por iniciativa da própria farmácia
durante a interdição.
A questão da fiscalização nas
farmácias de manipulação vem
sendo discutida há algum tempo.
Há um mês, a Folha publicou reportagem que registrava a preocupação de autoridades sanitárias, médicos, farmacêuticos, fabricantes e importadores com a
regulamentação do setor.
A primeira regulamentação específica para as farmácias de manipulação foi estabelecida pela
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2000.
Com o acelerado crescimento
do mercado (73% em cinco anos),
no entanto, complicou-se a fiscalização pelos órgãos sanitários e
aumentou o risco para os usuários. Pesquisa do Instituto Nacional de Controle de Qualidade de
Saúde da Fundação Oswaldo
Cruz levantou, entre 2000 e 2003,
27 ocorrências graves em casos de
denúncias contra remédios manipulados, com registros de óbitos,
comas e intoxicações.
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