São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Produção de medicamentos injetáveis continua suspensa

Farmácia é interditada por 16 dias

MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas denúncias de irregularidade motivaram a interdição total de uma farmácia de manipulação em São Paulo por 16 dias. Parte da produção de medicamentos foi liberada anteontem, mas permanece suspensa a manufatura de drogas injetáveis.
Os dois casos foram registrados no Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo contra a mesma farmácia, a Galenica, localizada avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona sul da capital.
De acordo com gerente da Vigilância Sanitária, Valdemar Azevedo, o processo de irregularidades na Galenica teve várias fases, com diversas interdições parciais. A farmácia ficou com as portas fechadas entre 27 de outubro e 11 de novembro.
"Avaliamos o gerenciamento técnico da farmácia e constatamos que realmente estava débil. Ainda não consideramos que foram cumpridos todos os quesitos necessários, por isso os injetáveis continuam interditados", disse.
Em um dos casos denunciados, uma senhora levou para manipular uma receita de um antidepressivo e descobriu, depois de desmaiar ao volante, que a farmácia havia entregue uma outra substância antidepressiva, de nome parecido com a indicada pelo médico, em uma dosagem 75 mg acima do recomendado.
Outra consumidora encomendou a elaboração de um remédio para vitiligo (doença de pele). Depois de um mês, sentiu-se mal e descobriu que estava tomando, na verdade, um medicamento para leucemia (um tipo de câncer).
A Galenica está no mercado desde 1977 e possui três lojas em São Paulo e quatro no Rio de Janeiro. As outras duas lojas da capital paulista ficaram fechadas por iniciativa da própria farmácia durante a interdição.
A questão da fiscalização nas farmácias de manipulação vem sendo discutida há algum tempo. Há um mês, a Folha publicou reportagem que registrava a preocupação de autoridades sanitárias, médicos, farmacêuticos, fabricantes e importadores com a regulamentação do setor.
A primeira regulamentação específica para as farmácias de manipulação foi estabelecida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2000.
Com o acelerado crescimento do mercado (73% em cinco anos), no entanto, complicou-se a fiscalização pelos órgãos sanitários e aumentou o risco para os usuários. Pesquisa do Instituto Nacional de Controle de Qualidade de Saúde da Fundação Oswaldo Cruz levantou, entre 2000 e 2003, 27 ocorrências graves em casos de denúncias contra remédios manipulados, com registros de óbitos, comas e intoxicações.


Texto Anterior: Saúde e beleza: Jovens fazem 13% das plásticas no país
Próximo Texto: Outro lado: Lojas passaram por readequação, diz advogada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.