São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 2005

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Academia acorda vizinhos

DA REPORTAGEM LOCAL

Zelador de um prédio na rua Augusta, no centro de São Paulo, o pernambucano Severino Gabriel da Silva, 29, é quase um especialista em barulho. Fora o trânsito intenso da região, o prédio em que ele trabalha fica em frente a uma boate, ao lado de uma academia e perto de um galpão onde um rapaz aprende a tocar bateria.
A todos esses ruídos, some-se mais um: o do interfone de seu quarto, que toca sempre que um morador quer que ele acabe com a barulheira.
Silva até já desenvolveu uma técnica. Primeiro, vai ao apartamento do reclamante e cola o ouvido na parede até descobrir de onde vem o som. "Faço uma análise. Não gosto de acusar os outros injustamente." Depois, lá vai ele pedir silêncio. Quando não dá certo, ameaça chamar a polícia.
As reclamações começam cedo. "Seis horas da manhã e já começa a ginástica com axé", diz Silva. Um pouco mais tarde, começa o ensaio do baterista. "Eles tocam o dia inteiro a mesma coisa", conta.
À noite, é a vez da boate. A música nem incomoda tanto, mas a gritaria do porteiro que chama os passantes para ver o show é algo que tem acabado com os nervos de alguns moradores, como a recepcionista Martha Afonso Mattos, 55. "Moro no décimo andar e mesmo assim escuto tudo."
Apesar dos ruídos, o zelador diz dormir como uma pedra. "Chego morto em casa, deito e caio naquele sono pesado" -até o axé da academia de ginástica começar a tocar na manhã seguinte.
(AMARÍLIS LAGE)


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