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JUVENTUDE ENCARCERADA
Presidente da entidade depois amenizou dizendo que em alguns locais não há controle sobre fatos sem gravidade
Febem admite falta de domínio em unidade
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A presidente da Febem, Berenice Giannella, admitiu ontem em
São Paulo que o Estado não tem o
"domínio" de algumas unidades
da instituição. Segundo ela, nestes
casos, os funcionários não conseguem "trancar os dormitórios na
hora correta" ou iniciar as aulas
nos horários previstos.
As declarações foram dadas durante audiência sobre a Febem na
Assembléia Legislativa, em que
Giannella chegou a reconhecer
que havia unidades "nas mãos"
de adolescentes. Mais tarde, porém, a presidente afirmou que o
termo utilizado fora impróprio.
"Infelizmente, a gente tem algumas unidades com pouco número de funcionários. Há casos de
funcionários que quiseram ser
reintegrados [depois de demitidos] e, no dia seguinte, entraram
com licença médica. Estamos averiguando, mas provavelmente foi
uma fraude. Nestas unidades, [a
Febem] está com um quadro defasado de funcionários e, com isso, acaba não conseguindo fazer
aquilo que deseja."
Ao descrever as condições desses locais, ela disse que os programas estão em andamento. "[Os
internos] estão estudando, desenvolvendo atividades. Mas os funcionários não conseguem ter o
domínio total, não conseguem
trancar o dormitório às 22h".
Depois, Giannella tentou minimizar a situação: "Dizer que está
sob controle deles [os adolescentes] não é dizer que trancaram a
unidade e ninguém está entrando. É que a gente está ainda com
dificuldade para acertar toda a situação lá. Não consegue trancar o
dormitório na hora correta, às vezes não consegue começar a aula
no horário. Mas nada tão grave."
Questionada sobre quais os locais que estavam nessa condição,
Giannella disse que não responderia por considerar "um problema interno, administrativo".
Para a presidente da Amar (associação de mães de internos),
Conceição Paganele, porém, a
"falta de controle em unidades
significa que elas estão nas mãos
dos adolescentes".
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ao falar
sobre o atraso nas obras de descentralização da Febem, disse que
sete unidades no interior, que irão
chamar Casas (Centros de Atendimento e Socialização), serão entregues em 90 dias. Ele classificou
de "pequeno atraso" o fato de nenhuma das 41 unidades -previstas para serem concluídas em 150
dias a partir de março deste
ano- estar pronta. Sobre as demais unidades, cujas obras nem
começaram, ele não deu prazo.
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