São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 2005

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JUVENTUDE ENCARCERADA

Presidente da entidade depois amenizou dizendo que em alguns locais não há controle sobre fatos sem gravidade

Febem admite falta de domínio em unidade

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A presidente da Febem, Berenice Giannella, admitiu ontem em São Paulo que o Estado não tem o "domínio" de algumas unidades da instituição. Segundo ela, nestes casos, os funcionários não conseguem "trancar os dormitórios na hora correta" ou iniciar as aulas nos horários previstos.
As declarações foram dadas durante audiência sobre a Febem na Assembléia Legislativa, em que Giannella chegou a reconhecer que havia unidades "nas mãos" de adolescentes. Mais tarde, porém, a presidente afirmou que o termo utilizado fora impróprio.
"Infelizmente, a gente tem algumas unidades com pouco número de funcionários. Há casos de funcionários que quiseram ser reintegrados [depois de demitidos] e, no dia seguinte, entraram com licença médica. Estamos averiguando, mas provavelmente foi uma fraude. Nestas unidades, [a Febem] está com um quadro defasado de funcionários e, com isso, acaba não conseguindo fazer aquilo que deseja."
Ao descrever as condições desses locais, ela disse que os programas estão em andamento. "[Os internos] estão estudando, desenvolvendo atividades. Mas os funcionários não conseguem ter o domínio total, não conseguem trancar o dormitório às 22h".
Depois, Giannella tentou minimizar a situação: "Dizer que está sob controle deles [os adolescentes] não é dizer que trancaram a unidade e ninguém está entrando. É que a gente está ainda com dificuldade para acertar toda a situação lá. Não consegue trancar o dormitório na hora correta, às vezes não consegue começar a aula no horário. Mas nada tão grave."
Questionada sobre quais os locais que estavam nessa condição, Giannella disse que não responderia por considerar "um problema interno, administrativo".
Para a presidente da Amar (associação de mães de internos), Conceição Paganele, porém, a "falta de controle em unidades significa que elas estão nas mãos dos adolescentes".
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ao falar sobre o atraso nas obras de descentralização da Febem, disse que sete unidades no interior, que irão chamar Casas (Centros de Atendimento e Socialização), serão entregues em 90 dias. Ele classificou de "pequeno atraso" o fato de nenhuma das 41 unidades -previstas para serem concluídas em 150 dias a partir de março deste ano- estar pronta. Sobre as demais unidades, cujas obras nem começaram, ele não deu prazo.


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