São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 2005

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NARCOTRÁFICO

Diretor antidroga dos EUA critica postura do Brasil

IURI DANTAS
DE WASHINGTON

Considerado o "czar" dos EUA na guerra às drogas, John Walters desenhou ontem um cenário bem diferente do visto pelas autoridades brasileiras: o Brasil desponta hoje como o provável terceiro maior consumidor mundial de drogas -depois de EUA e Europa-, mas, segundo ele, não dá atenção ao problema.
"Esse é um problema horrível, então acho que, algumas vezes, os governos ficam chocados tanto quanto os indivíduos. Mas isso [o consumo de cocaína no Brasil] também é um problema", disse.
A prioridade do governo brasileiro é combater o álcool. A Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) nega que haja um grande consumo de drogas ilícitas no país e, ao combatê-las, foca nas rotas internacionais -que fazem a cocaína e a maconha passarem pelo Brasil-, não no consumo interno. Walters critica esse enfoque.
Ele dirige o Escritório Nacional de Políticas de Controle das Drogas da Casa Branca, subordinando-se diretamente ao presidente George W. Bush.
Para ela, a maior parte da maconha e da cocaína consumida no Brasil é produzida na Bolívia e no Paraguai. "O aumento da cocaína entrando no Brasil nos últimos anos tem sido mais da Bolívia do que da Colômbia. E o governo brasileiro tem trabalhado com a Bolívia e outros países para cortar isso", disse, sobre as ações para bloquear as rotas internacionais.
Ao apresentar resultados do Plano Colômbia, Walters disse que a erradicação de plantações de coca naquele país e a elevação da segurança nas fronteiras dos EUA (maior consumidor mundial) geraram abundância da droga em outros países.
"Nesse período, vimos uma maior disponibilidade de cocaína na Europa, um maior abuso de cocaína no Brasil, tornando-se a terceira maior nação consumidora no mundo, de acordo com organismos internacionais", disse.
Procurado, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República não se pronunciou até a conclusão desta edição.


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