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PATRIMÔNIO PERDIDO
Inventário parcial identificou o desaparecimento de 949 peças do acervo da instituição, no Rio
Biblioteca Nacional estima prejuízo com furto em R$ 7,5 mi
DA SUCURSAL DO RIO
A Biblioteca Nacional, no Rio,
estima em cerca de R$ 7,5 milhões
o valor de 949 peças furtadas da
instituição. As 751 fotografias representam R$ 6.836.780, segundo
avaliação divulgada ontem. O cálculo da direção foi feito "com base
em catálogos de leilões, sítios da
internet, avaliações constantes de
processos de empréstimos e/ou a
partir de critérios de analogia".
Os 56 desenhos ausentes valem
R$ 615.728, diz a estimativa, e as
22 gravuras, R$ 97.180. A coleção
de 120 estampas do sabonete ""Eucalol" foi avaliada em R$ 2.712.
Segundo a presidente interina
da biblioteca, Maria Izabel Mota,
não há dúvida de que os ladrões
sabiam o que levavam, já que as
fotos, gravuras, estampas e desenhos têm valor no mercado internacional, mesmo no clandestino.
O furto ocorreu na greve dos servidores do Ministério da Cultura,
que foi de 4 de abril a 12 de julho.
Divulgada anteontem, depois
que a Justiça derrubou o segredo
sobre o caso, a lista de peças ainda
é parcial. Funcionários seguem
com o inventário das gravuras. Já
foram relacionadas 13.577.
Também foram inventariados
2.168 desenhos e 27.499 fotografias. Das 751 fotos desaparecidas,
449 são da coleção Imperatriz Teresa Cristina Maria, o mais importante acervo fotográfico da
América Latina. São 557 imagens
do século 19 e 194 do século 20.
Até agora, só duas fotos de Marc
Ferrez, o mais importante fotógrafo brasileiro do século 19, teriam sido recuperadas, devolvidas por colecionadores. Procurada, a Delegacia de Proteção ao
Meio Ambiente e Patrimônio
Histórico da Polícia Federal não
quis falar sobre a investigação.
Raridades
Na lista de desaparecidas estão
imagens raras de Rio, São Paulo,
Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e da Amazônia feitas por fotógrafos como os alemães August
Stahl, Albert Frisch e Guilherme
Liebenau, o inglês Benjamin Mulock e o brasileiro Augusto Malta.
Entre os desenhos desaparecidos estão um de Pedro Américo e
três de Victor Meirelles, dois dos
mais importantes pintores brasileiros do século 19. O desenho
"Três Navios", de Meirelles, sem
data, teria sido feito quando o artista tinha apenas 11 anos, segundo um funcionário da biblioteca.
Outro desenho importante é o
"Cascatinha da Tijuca", elaborado pelo alemão Johann Moritz
Rugendas em 1822. Ilustrações de
J. Carlos e de Álvarus também foram furtadas do acervo.
O Ministério da Cultura não
quis comentar o assunto. Izabel
Mota, diretora-executiva na gestão de Pedro Corrêa do Lago na
Biblioteca Nacional, ocupa a presidência da instituição até a posse
do professor e jornalista Muniz
Sodré, que ainda não foi marcada.
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