São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 2005

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PATRIMÔNIO PERDIDO

Inventário parcial identificou o desaparecimento de 949 peças do acervo da instituição, no Rio

Biblioteca Nacional estima prejuízo com furto em R$ 7,5 mi

DA SUCURSAL DO RIO

A Biblioteca Nacional, no Rio, estima em cerca de R$ 7,5 milhões o valor de 949 peças furtadas da instituição. As 751 fotografias representam R$ 6.836.780, segundo avaliação divulgada ontem. O cálculo da direção foi feito "com base em catálogos de leilões, sítios da internet, avaliações constantes de processos de empréstimos e/ou a partir de critérios de analogia".
Os 56 desenhos ausentes valem R$ 615.728, diz a estimativa, e as 22 gravuras, R$ 97.180. A coleção de 120 estampas do sabonete ""Eucalol" foi avaliada em R$ 2.712.
Segundo a presidente interina da biblioteca, Maria Izabel Mota, não há dúvida de que os ladrões sabiam o que levavam, já que as fotos, gravuras, estampas e desenhos têm valor no mercado internacional, mesmo no clandestino. O furto ocorreu na greve dos servidores do Ministério da Cultura, que foi de 4 de abril a 12 de julho.
Divulgada anteontem, depois que a Justiça derrubou o segredo sobre o caso, a lista de peças ainda é parcial. Funcionários seguem com o inventário das gravuras. Já foram relacionadas 13.577.
Também foram inventariados 2.168 desenhos e 27.499 fotografias. Das 751 fotos desaparecidas, 449 são da coleção Imperatriz Teresa Cristina Maria, o mais importante acervo fotográfico da América Latina. São 557 imagens do século 19 e 194 do século 20.
Até agora, só duas fotos de Marc Ferrez, o mais importante fotógrafo brasileiro do século 19, teriam sido recuperadas, devolvidas por colecionadores. Procurada, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal não quis falar sobre a investigação.

Raridades
Na lista de desaparecidas estão imagens raras de Rio, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e da Amazônia feitas por fotógrafos como os alemães August Stahl, Albert Frisch e Guilherme Liebenau, o inglês Benjamin Mulock e o brasileiro Augusto Malta.
Entre os desenhos desaparecidos estão um de Pedro Américo e três de Victor Meirelles, dois dos mais importantes pintores brasileiros do século 19. O desenho "Três Navios", de Meirelles, sem data, teria sido feito quando o artista tinha apenas 11 anos, segundo um funcionário da biblioteca.
Outro desenho importante é o "Cascatinha da Tijuca", elaborado pelo alemão Johann Moritz Rugendas em 1822. Ilustrações de J. Carlos e de Álvarus também foram furtadas do acervo.
O Ministério da Cultura não quis comentar o assunto. Izabel Mota, diretora-executiva na gestão de Pedro Corrêa do Lago na Biblioteca Nacional, ocupa a presidência da instituição até a posse do professor e jornalista Muniz Sodré, que ainda não foi marcada.


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