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Estado paga R$ 25 mi para cinco empresas fiscalizarem Rodoanel
Acompanhamento e supervisão do trecho da obra onde houve desabamento de vigas foram terceirizados pelo governo paulista
Ex-presidente da Dersa
diz que houve falha de fiscalização; diretor de estatal paulista de transportes admitiu possibilidade
ALENCAR IZIDORO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo contratou um grupo de empresas
por R$ 24,5 milhões para
apoiar a fiscalização e a supervisão das obras do trecho sul do
Rodoanel onde vigas de um viaduto desabaram na sexta-feira.
A contratação foi firmada pela Dersa, estatal paulista, há
mais de três anos com um consórcio formado por Ecoenge,
Figueiredo Ferraz, Maubertec,
Coplaenge e Encibra, com a finalidade de monitorar os trabalhos no lote 5 da obra, que
abrange a região do acidente.
O diretor de engenharia da
Dersa, Paulo Vieira de Souza,
admitiu, em entrevista logo depois da queda das vigas, que pode ter havido falha na fiscalização. Mas, questionada sobre como ela era feita, a estatal não
havia revelado a presença dos
serviços terceirizados.
O valor inicial dos contratos
"para apoio à fiscalização, supervisão e acompanhamento"
da obra foi fixado em R$ 19,6
milhões, por 50 meses. Alterações contratuais provocaram
reajuste de mais R$ 5 milhões.
No total, a quantia equivale a
três vezes os gastos da Prefeitura de São Paulo para construir
um viaduto entregue neste ano
no Jaraguá, na zona norte.
Nos demais quatro lotes do
trecho sul do Rodoanel também há contratações para a fiscalização pela iniciativa privada. A do lote 5 é a mais cara de
todas -a mais barata, de R$
22,2 milhões, é a do lote 2.
O Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) avalia que as empreiteiras
(OAS, Mendes Jr. e Carioca)
adotaram um procedimento
tecnicamente incorreto na instalação das vigas que desabaram sobre três veículos na rodovia Régis Bittencourt.
O motivo é elas terem colocado inicialmente só quatro das
cinco vigas de concreto previstas no viaduto -a última, quebrada quando era transportada, seria inserida depois.
O engenheiro Luiz Célio Bottura, presidente da Dersa nos
anos 80, avalia que houve "erro
de fiscalização". "Ela está lá para levantar a bola antes. O fiscal
tem que estar em cima a todo
momento. Trabalha junto com
as empreiteiras", diz Bottura,
para quem a responsabilidade
final pela função é da estatal.
Segundo ele, houve um esvaziamento do corpo técnico da
Dersa nas últimas décadas e,
por isso, muitas atribuições foram delegadas a terceiros.
O TCE (Tribunal de Contas
do Estado) deve pedir explicações para a estatal sobre a queda das vigas, inclusive por haver um contrato de fiscalização.
A contratação da iniciativa
privada para ajudar na supervisão de grandes obras se tornou
frequente nos últimos anos.
Embora a responsabilidade oficial seja da própria estatal, essas empresas também podem
responder por problemas.
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