Unidade na região metropolitana de Vitória tinha 266 detentos onde cabem 36

Após descoberta, governo transfere dez presos para outros locais, mas diz que fará mais remoções; para delegado, cadeia é "pocilga"

GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA

Após descobrir um túnel de cerca de oito metros de extensão numa cadeia de Vila Velha (região metropolitana de Vitória) que abrigava 266 presos em seis celas -que, somadas, podiam abrigar 36-, o governo do Espírito Santo removeu ontem dez detentos (3,7% do total).
De acordo com a polícia, o buraco, escavado pelos presos no meio do pátio interno, não havia sido descoberto antes em razão da superlotação, que impede a entrada de agentes sem o apoio de tropas de segurança.
Junto a fezes, restos de comida e todo tipo de dejeto produzido pelos presos, a terra escavada havia sido depositada em duas celas, que os detentos isolaram para utilizar como uma espécie de "lixão", segundo o delegado responsável pela prisão, Mário Brocco Filho.
"Tento administrar [a cadeia] da melhor forma, mas estava pior do que uma pocilga [lugar imundo]. É complicado, porque tanto os presos quanto os policiais podem pegar alguma infecção. A gente só entra nas celas quando tem reforço da Secretaria da Justiça", diz.
Segundo ele, o pátio interno é usado para abrigar presos, e algumas celas não são mais fechadas. Contudo, diz que não houve nenhuma fuga desde que assumiu, em fevereiro de 2008.
Para fechar o túnel, a polícia precisou de um caminhão-betoneira com concreto. Uma empresa terceirizada retirou o lixo das celas com uma caçamba. Também foram soldadas partes das grades danificadas.
Visitas e entregas de comida por familiares dos presos foram suspensas até a próxima semana por questões de higiene.
O governo do Espírito Santo disse que fará uma transferência "gradativa" de presos e que 50 já foram deslocados para outros estabelecimentos carcerários do Estado. Informou, ainda, que inaugurou sete unidades prisionais neste ano e que outras duas também devem ser entregues até o fim de 2009.


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