São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 2005

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EXTREMOS DA SEGURANÇA

Biritiba-Mirim, de 28 mil habitantes, têm índices baixos de crimes para a região metropolitana

Na violenta Grande SP, também há exceção

THARSILA PRATES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em busca de tranqüilidade, Joaquim José Araújo Vieira, 58, resolveu se mudar. Trocou a violência da cidade grande por um município com baixos índices de criminalidade.
Vieira nem precisou sair da Grande São Paulo. Deixou Guarulhos para morar em Biritiba-Mirim, a apenas 72 km da capital.
Biritiba pode ser considerada um refúgio de segurança. Apesar de estar na Grande São Paulo, a cidade teve dois homicídios dolosos de janeiro a setembro deste ano, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública. No mesmo período do ano passado, não houve nenhum caso.
Vieira afirma que é bem melhor morar em Biritiba-Mirim do que em São Paulo. Assim que se aposentou, em 1999, o oficial da reserva da Força Aérea Brasileira se mudou para a chácara que tem no município. "Aqui tem um comércio básico, três agências bancárias e duas boas redes de supermercados. Quem vem morar aqui, se não quiser sair, passa bem."
Os que desejam algo mais vão a Mogi das Cruzes, que fica a 16 km de Biritiba-Mirim. Quem passeia pelas ruas de Biritiba pode ver que os moradores conseguem montar um calendário cultural com base nos eventos realizados em Mogi.
Biritiba-Mirim parece mais uma cidade do interior perdida na Grande São Paulo, com ruas estreitas, ainda calçadas com paralelepípedos. Seus habitantes -28.760, segundo estimativa da Fundação Seade para 2005- têm a opção de conversar em frente às suas casas e de passear na praça central da cidade.
Como toda a área do município é de proteção ambiental, sendo 11% de proteção permanente, quem quiser construir deve obedecer à legislação estadual, que prevê a dimensão dos lotes, e ainda obter a autorização dos órgãos competentes. Por causa disso, o prefeito Roberto Pereira da Silva (PSDB) enviou à Câmara Municipal um projeto de lei em que proíbe os biritibanos de morrer.
A prefeitura está impedida pela Lei de Proteção aos Mananciais de construir um novo cemitério na cidade. O que existe está superlotado. O projeto será votado em janeiro pela Câmara.
A explicação para os baixos índices de violência em Biritiba pode estar no fato de a maioria das pessoas se conhecer. Segundo o especialista em segurança, coronel José Vicente da Silva Filho, isso cria um senso de comunidade mais sólido, que faz com que cada morador controle mais os outros, o que repercute na segurança.
Na falta de casos mais graves, ofensas e brigas entre vizinhos são as ocorrências que mais aparecem para o delegado titular do município, Francisco Aguiar Del Poente. "A convivência entre as pessoas acaba gerando isso, em razão de a cidade ser pequena."
O prefeito ainda reclama que a cidade tem pouco policiamento e que ainda falta iluminação em boa parte da zona rural. Mesmo assim, considera sua terra natal pacata.


Tharsila Prates participou da 40ª turma do Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha, que teve como patrocinador a Philip Morris Brasil

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