São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 2005

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Andradina é calma e tediosa, afirma morador

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O flagrante de um oficial dedicando 20 minutos do plantão de sábado ao polimento de um carro da PM atesta o que as estatísticas da Secretaria da Segurança já sinalizavam: a carga de trabalho em Andradina não é das mais intensas. Os nove homicídios, 29 roubos e nenhum de veículo roubado, de janeiro a setembro, deixam para os pequenos furtos o posto de campeões das ocorrências policiais.
O delegado Tadeu Aparecido diz que, em média, duas bicicletas são levadas por dia. Furtos de aparelhos de som de carros são comuns. "Os autores são adolescentes que usam esses produtos para comprar droga", afirma.
A falta de perspectivas de emprego e de entretenimento, que leva jovens à maconha e ao crack, encabeça a lista de queixas dos moradores. "Estou aqui porque ainda não tive a chance de ir embora", diz o comerciante Wenquer Oliveira Marques. O coro é engrossado pela representante Selma Firmino Beraldo: "Aqui não tem cultura, é um atraso de vida".
Quem vai à feira de domingo é obrigado a discordar. Na barraca de ervas e raízes, a maminha-de-cadela promete a cura do vitiligo e a "batata-de-purga" dá fim aos vermes. E para estresse? "Bom para estresse é dinheiro", receita o feirante Alberto Soares. No fim da rua, uma nativa vestida de baiana prepara tapiocas doces e salgadas a R$ 2. Em Andradina, cultura dispensa riqueza. (LUCAS NEVES)


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