São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

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Estudantes reclamam de "falta de liberdade"

Alunos dizem que presença da PM, proibição de festas e monitoramento por câmeras reprimem suas atividades

Diretoria afirma que segurança aumentou para impedir crimes dentro da Cidade Universitária, onde houve estupro neste ano


DA REPORTAGEM LOCAL

A condenação dos estudantes de arquitetura é mais um caso de tensão entre alunos e a direção da USP. Parte do corpo discente da universidade afirma que está ocorrendo cerceamento da liberdade no campus.
Em outubro deste ano, 200 alunos protestaram em uma passeata na zona oeste de São Paulo. Segundo eles, a presença da Polícia Militar é cada vez maior na instituição -o que causaria atritos-, a Guarda Universitária está mais repressiva, algumas faculdades querem retirar os espaços utilizados pelas representações estudantis e festas foram proibidas.
Citam também o projeto da instituição de instalar 168 câmeras de vigilância no campus, o que poderia servir para monitorar ações dos estudantes.
"A universidade quer que a gente venha aqui, estude e vá embora, sem poder realizar as atividades ligadas ao movimento estudantil ou mesmo se expressar", disse Ilana Tschiptschin, 22, acusada de causar dano ao patrimônio público.
Já o diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes) Vinicius Pedron Macario, 23, reclama da presença da PM no campus. "Apesar de eles estarem aqui, continuam ocorrendo roubos e estupros", disse. "E a relação entre a PM e os estudantes é sempre tensa."
Os alunos citam também como exemplos do que chamam de repressão o fato de a FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) ter retirado um espaço destinado aos estudantes e a FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) ter proibido festas na unidade.
"São tantas denúncias que fica difícil entender que sejam apenas casos isolados", disse o presidente da associação dos docentes da USP, Cesar Minto.
Os estudantes ouvidos afirmam que as ações contra eles ficaram mais intensas há cerca de dois anos.

USP nega
O prefeito do campus da Cidade Universitária, Adilson Carvalho, nega que haja repressão. "A PM está aqui há muito tempo. E ela busca combater a violência, não reprimir estudante." Sobre a Guarda Universitária, ele afirma que ela é treinada para lidar com os alunos.
"Se agimos, o pessoal reclama. Mas, quando há algum caso de estupro, por exemplo, somos criticados porque não há segurança", disse Carvalho. Em março deste ano, uma aluna foi violentada dentro do campus.
Sobre as câmeras, o prefeito afirma que elas serão utilizadas apenas para coibir crimes. A universidade está em fase final de aquisição do primeiro lote de equipamentos.
Já a direção da FFLCH, à época da passeata, afirmou que a idéia era reformular o espaço usado pelos estudantes para que todos os integrantes da faculdade pudessem utilizá-lo. A FAU, por sua vez, informou que as festas foram proibidas para não atrapalhar as aulas do período noturno. (FT)


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