|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
STF suspende decisão de devolver Sean ao pai
Ministro concedeu liminar suspendendo, ao menos até fevereiro de 2010, decisão que obrigava menino a voltar aos EUA
Decisão final caberá à 1ª Turma, que só volta a se reunir em fevereiro; ministro também quer que menino seja ouvido pela Justiça
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O menino Sean Goldman, 9,
ficará no Brasil pelo menos até
fevereiro de 2010, graças a uma
liminar concedida ontem pelo
ministro do Supremo Tribunal
Federal Marco Aurélio Mello a
pedido da avó materna do garoto, Silvana Bianchi. A nova decisão foi criticada pelo governo
dos Estados Unidos.
Sean, que nasceu nos Estados
Unidos, vive no Brasil há cinco
anos e está no meio de uma briga entre o pai e a família de sua
mãe, Bruna Bianchi, que morreu em agosto do ano passado
no parto de sua segunda filha.
A avó de Sean -com quem o
menino vive- pediu, por meio
de habeas corpus, que o STF garanta a ele a oportunidade de
ser ouvido pela Justiça antes de
qualquer decisão.
Liminarmente, também requisitou a suspensão da decisão
de anteontem do Tribunal Regional Federal da 2ª Região,
que determinou que o menino
retornasse com o pai ao seu
país de origem.
Apesar de só analisar o pedido de liminar, suspendendo assim o que o TRF-2 havia decidido até que o STF volte a analisar o caso, Marco Aurélio indicou em seu despacho que concederá o pedido para que Sean
seja ouvido pelo Judiciário.
Ele afirma que o caso envolve
uma "criança que, em momento algum, foi ouvida, diretamente, por órgão investido do
ofício judicante, apesar da insistência da defesa em alcançar
esse objetivo".
O menino deve ficar até fevereiro porque o Supremo entra
hoje em recesso e a palavra final sobre o caso será dada pela
1ª Turma do tribunal, composta pelos ministros Marco Aurélio, Carlos Ayres Britto, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e José Antonio Dias Toffoli.
É a segunda vez que Marco
Aurélio Mello concede uma liminar em favor da família materna do menino. Em junho
deste ano, o pai havia conseguido, em decisão de primeira instância da Justiça do Rio, o direito de levar o menino aos EUA.
Na ocasião, Marco Aurélio
concedeu uma liminar, interrompendo tal prazo, mas logo
desfez a determinação, já que
uma mesma decisão havia sido
proferida pelo TRF-2.
O advogado Marcos Ortiz, do
escritório que representa o
americano, afirmou que irá
analisar nos próximos dias se a
distribuição do pedido de habeas corpus para o ministro
Marco Aurélio Mello foi correta. "Se formarmos convicção
que não, podemos discutir essa
distribuição", afirmou.
Já o advogado Sergio Tostes,
que representa João Paulo Lins
e Silva, padrasto de Sean, afirmou que, além de aguardar a
manifestação do plenário do
STF sobre o pedido para que
Sean seja ouvido em juízo, entrará com um recurso no STJ
(Superior Tribunal de Justiça)
questionando a decisão de anteontem. Segundo ele, o fato de
as duas primeiras instâncias terem se manifestado favoravelmente ao pai não o preocupa.
"Foram decisões tomadas
sem que o menino fosse ouvido,
o que é imprescindível. Todas
as vezes que fala sobre isso, ele
é bastante claro ao expressar
sua vontade de ficar no Brasil."
Sean viveu nos EUA até os
quatro anos, quando veio ao
Brasil para passar férias com a
mãe. Ela tinha autorização do
pai para passar férias com o filho no país, mas, alguns dias depois de desembarcar, avisou a
David que não iria retornar.
Desde então, o pai tenta levar
o filho com base na Convenção
de Haia sobre sequestro internacional de crianças, do qual os
dois países são signatários.
Texto Anterior: Rodízio de veículos será suspenso a partir do dia 23 Próximo Texto: Menino ficou emocionado, diz avó materna Índice
|